O cacique Carlos Tukano, um dos representantes da Aldeia Maracanã, criticou a ação da polícia durante a reintegração de posse do prédio do antigo Museu do Índio, na manhã desta sexta-feira (22). Segundo ele, que diz que os índios foram tratados como bandidos, a forma violenta com que agiram os policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar foi lamentável.
Durante a ação, os policiais militares desocuparam o terreno do antigo Museu do Índio munidos de balas de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta. Eles enfrentaram a resistência de índios, ativistas e políticos e usaram da força para garantir a desocupação do local.
"Para mim foi uma atitude triste, arbitrária, de uma forma nada pacífica. Nos trataram como se fossemos bandidos, fora da lei. Fiquei muito triste com todo o ocorrido", afirmou Tukano, ressaltando que já imaginava que seria usada a força por parte da PM.
<< Batalhão de Choque entra na Aldeia Maracanã para retirar índios
>> Ação truculenta na desocupação do Museu do Índio repercute mundialmente
Hospedagem em Jacarepaguá
Os índios que deixaram a Aldeia Maracanã nesta sexta-feira (22), durante a ação de reintegração de posse do terreno onde está localizado o antigo Museu do Índio, escolheram o terreno de Jacarepaguá, oferecido pelo governo do estado, para construir o alojamento provisório.
O governo, em nota, afirmou que o Centro de Referência da Cultura Indígena, que antes seria na Quinta da Boa Vista, também será construído no local. No entanto, de acordo com o cacique Carlos Tukano, ainda haverá um diálogo sobre essa possibilidade, pois os índios preferem que o centro de referência seja no Centro da Cidade.
"Escolhemos o terreno em Jacarepaguá que é uma área ampla, com bastante vegetação, mas o Centro de Referência Indígena queremos na região central. Vamos sentar para conversar com o governo sobre essa questão", afirmou Tukano.
Os indígenas visitaram nesta sexta (22) os três locais oferecidos pelo estado, acompanhados da subsecretária de Assistência Social e Descentralização da Gestão, Nelma de Azeredo, e optaram pelo terreno de Jacarepaguá, que tem dois mil metros quadrados. Além do bairro da Zona Oeste, eles tinham a opção de escolher um espaço em Bonsucesso ou ao lado do galpão da empreiteira Odebrecht, na Avenida Visconde de Niterói.
“Os índios foram conhecer o espaço que lhes oferecemos em Jacarepaguá, na antiga Colônia Curupaiti, e gostaram tanto que decidiram ficar por lá desde já. Eles decidiram também que o Centro de Referencia da Cultura Indígena será construído na mesma área. Isso torna tudo mais fácil, porque não teremos que esperar o presidio da Quinta da Boa Vista ser desativado para começarmos as obras do Centro”, afirmou o secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, contrariando Tukano no que se refere ao Centro de Referência Indígena.
Os alojamentos para residência temporária contarão com beliches, contêiner cozinha e contêiner banheiro, sendo um feminino e um masculino e ficarão prontos neste sábado (23). Os índios serão transferidos do Hotel Acolhedor Santana II, onde estão hospedados no momento, no domingo. No alojamento, eles também receberão kits de higiene pessoal e de limpeza, água, cestas básicas, toalhas e cobertores.
Nos próximos dias, arquitetos do Governo do Estado se reunirão com os índios para formatarem, juntos, o projeto do Centro de Referência da Cultura Indígena, que ficará na Estrada Comandante Luís Souto.