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Beltrame comemora ocupação e diz que Complexo da Maré terá seu 'Dia D'

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O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, comemorou o sucesso da ocupação do Complexo do Caju, que engloba 13 comunidades da zona norte do Rio, e da favela Barreira do Vasco, ocupadas pelas forças de segurança já na madrugada deste domingo. Beltrame disse que quando se ocupa uma área extensa “sem disparar um tiro, é porque a operação foi um sucesso” e que o Complexo da Maré, área vizinha, também terá o seu “Dia D” dentro de um plano estratégico já traçado.

“Algumas pessoas dizem que o resultado é frustrante porque foram poucas prisões. Não existe isso, primeiro porque a operação não começou hoje. Foi amplamente divulgado. Ocupar uma área daquela sem disparar um tiro eu acho que é um sucesso. A política de pacificar tem que ser feita dessa forma. O princípio era esse. O cerco antes nos deu mais de 200 prisões, então, contemplamos o que havia sido objetivado”, esclareceu o secretário. De acordo com a Polícia Militar, a operação de cerco aos criminosos efetuou, nos dias que antecederam a ocupação do Caju e da Barreira do Vasco, 284 prisões, e apreendeu 36 menores.

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O balanço das apreensões durante a ocupação no Caju, neste domingo, contabilizava pela manhã 12 presos e a apreensão de duas réplicas de fuzil; uma réplica de espingarda; uma espada artesanal; uma faca; uma coronha de fuzil; duas munições para calibre Ponto 50; 31 munições para calibre 45 milímetros; três carregadores de pistola. Também foram apreendidos 119 frascos de loló; 300 gramas de maconha; 39 pedras de crack; sete rádios transmissores; duas capas de colete; cinco coldres; uma cartucheira calibre 38 e anotações da contabilidade do tráfico de drogas local.

Já a Polícia Civil durante as buscas na Barreira do Vasco efetuaram quatro prisões. Dois homens foram presos em flagrante. Os policiais conseguiram recapturar um homem foragido do sistema prisional, além de um mandado de prisão cumprido. Foram apreendidas cocaína e maconha, uma pistola, dois rádios transmissores e carregadores.

A Polícia Federal apreendeu 93 quilos de pasta base de cocaína; 1000 (mil) projéteis para fuzil calibre 7.62; 2.400 projéteis para calibre 9 milímetros e 28 carregadores para fuzil. Nessa ação, dois homens foram presos. A dupla foi abordada na Avenida Brasil, na altura de Parada de Lucas, ainda durante a madrugada. Eles tentavam deixar o Complexo do Caju e seguiam em direção à Baixada Fluminense.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 14 trouxinhas de maconha, 236 pinos de cocaína, uma pistola, três revólveres. As armas foram encontradas na comunidade Barreira do Vasco. O restante das apreensões foram feitas em blitz nas rodovias BR-040, Presidente Dutra e Ponte Rio-Niterói. 

Colaboração dos moradores

A Secretaria de Segurança solicita a colaboração dos moradores dessas comunidades na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardadas armas, drogas, objetos roubados e outros produtos ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia, tel. 2253-1177, ou para o190 da PM.

Além disso, a Secretaria de Segurança destaca que todos os moradores devem andar com documentos de identificação e os motoristas e motociclistas serão solicitados a mostrar documentos de propriedade de seus veículos, bem como a Carteira Nacional de Habilitação em dia. No caso das motos, também será exigido o uso de capacete.

Pontos estratégicos

As comunidades que receberam hoje a ocupação definitiva por parte das forças de segurança são pontos estratégicos pois permeiam as duas vias expressas de maior importância no Rio de Janeiro: a avenida Brasil e a Linha Vermelha, as duas portas de entrada para quem chega à capital fluminense, seja via aeroporto internacional, ou carro e ônibus.

Por mais que diga que o Complexo da Maré, vizinha e também dominada pela facção criminosa do Comando Vermelho “também está prevista para ser ocupada”, Beltrame não coloca datas, até porque considera este tipo de informação sigilosa. Diz apenas que “a Maré também terá o seu Dia D”. “Quando chegar o domingo a ser feito, nós vamos fazer, seja em Costa Barros (subúrbio), na Maré, onde for”, completou.

O secretário de Segurança Pública comentou ainda o fato de que a política das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, “não são projetos de Olimpíada, de Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo, nada. É um projeto para o cidadão fluminense. Fazer um evento e encher de polícia, e na segunda-feira todo mundo sair, como foi os Jogos Pan-Americanos, não é o caminho. Quando você tem um plano fixo fica muito mais fácil. Foi algo que começou no Dona Marta (favela da zona sul) e vai terminar lá em cima”, disse, sem especificar qual comunidade.

As UPPs formam hoje, por mês, 500 novos policiais, segundo Beltrame, e mensalmente uma nova turma do mesmo número reinicia uma nova formação. Até o final do projeto, em 2014, serão 12.500 PMs trabalhando especificamente no patrulhamento de comunidades – hoje este número está em 6 mil. Ou seja, o total é maior que o efetivo total da Polícia Civil, por exemplo, hoje em 10 mil policiais.

A ocupação

Em operação que durou cerca de 25 minutos e sem encontrar resistência, as forças de segurança ocuparam na madrugada deste domingo o Complexo do Caju, conjunto de favelas que, no total, abrange 13 comunidades, e a Barreira do Vasco, na zona norte da capital fluminense. A ação teve início às 5h. Com as comunidades ocupadas, a Secretaria de Segurança Pública do Estado deve instalar novas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, no local. No total, cerca de 20 mil moradores vivem no Caju, e outros 7 mil na Barreira do Vasco.

Mais de 1,3 mil homens do agrupamento Centro de Operações Especiais (COE) - que engloba, dentro da PM, o Batalhão de Operações Policiais Especiais, o Batalhão de Choque, o Batalhão de Ações com Cães e o Grupamento Aeromarítimo -, participaram da ocupação do Complexo do Caju. Blindados da Marinha - 17 unidades no total -, juntamente com 200 militares, deram apoio tático durante a ação.

Nos locais ocupados, está prevista a instalação de três UPPs: Parque Alegria, Parque Boa Esperança e Barreira do Vasco. Na primeira etapa das operações, o Bope, junto dos fuzileiros navais, permanecem nas comunidades fazendo o cerco por armas, drogas escondidas e membros da facção criminosa local, até a chegada do efetivo da PM (cerca de 500 homens, estima-se) que trabalhará permanentemente nas favelas.

Com Portal Terra