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Carne Fraca: esquema em frigoríficos abastecia PP e PMDB, diz Polícia Federal

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As investigações da Polícia Federal na Operação Carne Fraca, que apura fraude na fiscalização dos produtos nos principais frigoríficos do país, apontam que as propinas pagas a fiscais do Ministério da Agricultura abasteceram o PMDB e o PP.

"Uma parte dos valores era revertida para esses partidos", disse o delegado Maurício Moscardi Grillo.

Contudo, a PF não sabe os motivos que levaram os fiscais a repartir parte dos valores que recebiam. Também não foram identificados quem eram os políticos beneficiados.

Os fiscais recebiam os valores, muitas vezes, dentro de isopores, por transferências bancárias em nome de terceiros ou até como picanhas e outras carnes nobres.

Operação deflagrada nesta sexta-feira (17) investiga a venda ilegal de carnes por frigoríficos. Os principais frigoríficos do país estão na mira da operação, como BRF, JBS e Seara. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas.

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São cumpridos mandados de prisão preventiva, de prisão temporária e de buscas e apreensões. Segundo a PF, essa é a maior operação já realizada na história da instituição. Foram mobilizados 1.100 policiais em seis Estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás) e no Distrito Federal.

O atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, também é citado na investigação. Ele aparece em grampo interceptado pela operação conversando com o suposto líder do esquema criminoso, chamando-o de "grande chefe". Contudo, a PF não encontrou indícios de ilegalidade na conduta do ministro, que não é investigado.

Em nota, Serraglio afirmou que a citação ao seu nome na Operação Carne Fraca da Polícia Federal seria uma prova de que ele não interfere nos trabalhos de investigação.

"Se havia alguma dúvida de que o Ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O Ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação", diz trecho da nota.