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'NYT': Queda de ministro da Transparência coloca em dúvida idoneidade do governo interino

Segundo ministro de Temer é gravado tentando interferir na lava-jato

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Nesta terça-feira (31) o jornal norte-americano The New York Times, publicou uma matéria sobre a renúncia do ministro de combate à corrupção do presidente interino do Brasil, Michel Temer, que aconteceu na noite de segunda-feira (30), depois de uma gravação secreta onde mostrava que ele tentou interferir no caso de investigação de corrupção que gira em torno Petrobras.

A reportagem comenta que a queda de Fabiano Silveira, cujo título era ministro da Transparência, é mais um golpe a um governo que parece sair de um escândalo a outro, poucas semanas depois de Temer substituir Dilma Rousseff. A presidente foi afastada sob acusação de manipulação orçamental e atravessa agora um processo de impeachment.

O jornal americano lembra que recentemente um dos principais assessores de Michel Temer, o ministro Romero Jucá, deixou seu cargo após uma gravação indicando que seu partido (PMDB) havia se empenhado pela queda de Dilma para acabar com o inquérito sobre o esquema de corrupção da Petrobras.

Em um ambiente repleto de incertezas em Brasília, membros da elite política e empresarial do país estão gravando secretamente conversas com o objetivo de garantir imunidade, chantagens, diminuição de suas possíveis penas caso sejam presos, ou simplesmente para ter cartas na manga, analisa o New York Times. Sergio Machado, um político que era o executivo-chefe de uma unidade de transporte Petrobras por mais de uma década, se transformou ao longo de um tesouro de gravações para os investigadores.

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Na gravação, partes das quais foram transmitidos no fim de semana em rede nacional, Fabiano Silveira aconselhava Renan Calheiros sobre a melhor forma de desviar a atenção dos promotores.

O jornal destaca que Renan Calheiros, junto com uma série de outros políticos poderosos, está sob investigação sobre acusações de ter embolsado enormes subornos no esquema Petrobras. Cerca de 40 políticos, magnatas, estrategistas de campanha e investidores foram presos desde que se iniciou a operação lava-jato, cerca de dois anos atrás.

"É decepcionante que o ministro encarregado de transparência esteja agora sob suspeita de fazer parte de uma operação para encobrir a corrupção", disse Alejandro Salas, o diretor da Transparência Internacional para as Américas, um grupo de combate à corrupção.

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