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Corrupção na Fifa e morte no Catar

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O Jornal do Brasil vai publicar, nesta sexta-feira, graves denúncias sobre as mortes que ocorrem nos canteiros de obras do Catar, que se prepara para a Copa do Mundo 2022. A reportagem do JB ouviu Sharan Burrow, diretor da International Trade Union Confederation, uma respeitável Organização Não Governamental de Direitos Humanos.

Nesta sexta-feira, mesmo com, todas as denúncias de corrupção que pesam contra a Fifa, Joseph Blatter ignorou completamente esses fatos graves e foi reeleito presidente da entidade. O seu único adversário, o príncipe jordaniano Ali Hussein, desistiu da candidatura antes da realização do segundo turno da eleição. No primeiro turno, Blatter teve 133 votos contra 73 de Hussein. O total de votos válidos foi de 206. Quando a votação se encaminhava para o segundo turno, Ali Hussein desistiu. 

No seu discurso da vitória, Joseph Blatter ignorou completamente as denúncias de corrupção na entidade e as recentes prisões de dirigentes. Ele cumprimentou e agradeceu "a sua alteza real, o príncipe Ali Hussein", que obteve um bom resultado no primeiro turno e poderia seguir em frente.

"Agradeço por me aceitarem pelos próximos quatro anos... Não vou desafiar vocês, mas temos de resolver problemas de organização dentro da Fifa. Precisamos de maior representatividade das federações, precisamos de mulheres, precisamos que as vozes repercutam na entidade", afirmou Blatter.

"Eu assumo a responsabilidade por trazer a Fifa de volta. Estou convencido de que faremos isso. Sou um homem persistente", acrescentou. "Prometo a vocês: no fim do meu mandato darei a Fifa ao meu sucessor em uma posição muito forte".

"Disse a vocês: gosto de vocês, gosto do meu trabalho, gosto de estar aqui. Não sou perfeito, ninguém é perfeito. Então, agradeço a todos. Vamos Fifa, vamos Fifa", concluiu.

Nesta quinta-feira, Blatte afirmou que os casos de corrupção no futebol são realizados por uma "minoria". O mandatário ainda se eximiu da culpa e disse querer recuperar a confiança no futebol. Ao declarar que a corrupção é feita por "minoria", Blatter se sente a minoria.

Não custa lembrar que Joseph Blatter, há 30 anos, era um funcionário praticamente insignificante na Fifa, e hoje ostenta uma fortuna sobre a qual pairam muitas suspeitas. 

Sua trajetória jamais o levaria à presidência se escândalos não tivessem afastado João Havelange e Ricardo Teixeira. Havelange queria que Teixeira o sucedesse, mas o desfecho acabou sendo outro. O curioso é que todas as denúncias de corrupção feitas remetem a uma época em que Blatter já ocupava cargo de destaque na Fifa. Contudo, ele diz que nada sabia e que nada fez, como lembrou o artigo do Jornal do Brasil publicado em janeiro do ano passado.

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"Eu não posso monitorar o trabalho de todos, mas não vou permitir que alguns destruam o trabalho de outros. Agora temos que recuperar a confiança através de ações que tomaremos. Vamos fazer disso um ponto de virada", declarou ontem o presidente da Fifa.

Classificando a situação de "vergonhosa e humilhante", o suíço destacou que "os próximos meses não serão fáceis para a Fifa" porque outras "más notícias irão chegar".

Blatter ainda pediu que as pessoas "façam uma análise" porque a maioria daqueles que trabalham com o esporte fazem isso. Segundo ele, "as pessoas fazem isso não por ganância ou para explorar, mas por amor ao esporte, para conseguir mudanças positivas, pela paz".

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Em dezembro do ano passado, quando A Fifa ignorou o relatório produzido pelo comitê de ética da entidade sobre compra de votos para as sedes das Copas de 2018 e 2022, Blatter foi questionado se ainda possuía condições para seguir no cargo, mesmo após tantos escândalos consecutivos. Impassível, Blatter disse que pede forças a Deus para manter a credibilidade da Fifa.

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