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Prefeito irresponsável permitiu que o Rio se transformasse num lixo

Por que tanta intransigência para, depois, aceitar aumento de 37%?

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O prefeito Eduardo Paes levou oito dias para sair de uma proposta de reajuste de 9% para os 37% acertados sábado (8) com os garis em greve. Com uma mudança nesta proporção, ou havia uma premeditada má vontade com a categoria - o prefeito queria uma cidade suja - ou ele é um irresponsável. 

O acerto final representou um aumento de 300% da proposta inicial. Sair de 9% para 15%, apesar de não ser justo para os garis, já seria um movimento significativo por parte do poder público numa negociação normal. Para se ter uma ideia, no ano passado, professores do Rio em greve tiveram que se contentar com um reajuste de 8%. Coordenador do Sindicato dos Profissionais de Ensino (Sepe), Alex Trentino reforça que Paes foi desnecessariamente intransigente com os garis. "O prefeito poderia ter oferecido este reajuste bem antes, para que a cidade não ficasse do jeito que ficou. A intransigência era do prefeito, isto ficou claro. Se não tivesse sido tão inflexível, não chegaria ao ponto que chegou." 

Trentino destacou que a reivindicação dos garis era justa e aplaudiu a força do movimento. "Os garis precisavam deste aumento e a prefeitura tem dinheiro. Mas este é o modo de os governos atuarem. Eles esticam a corda, não têm disposição para negociar. Ficou provado que quando há força no movimento, a greve consegue vencer esses obstáculos que sempre são oferecidos pelo governo", finalizou.

Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, afirmou que o resultado mostra que o prefeito não respeita o trabalhador. "Nunca se preocupou com condições constitucionais, como a saúde e a educação. A falta de diálogo e a omissão da prefeitura acabaram gerando uma atitude radical dos garis. Isso abre os olhos da população e desmascara o governo. O movimentos dos garis acabou intensificando outros movimentos."

Os sindicalistas reforçam a ideia que o fato de a prefeitura acatar os 37% mostra que este reajuste era possível e justificado, e que foi desnecessário a cidade e os cariocas terem enfrentado um carnaval cercados de lixo, arriscando inclusive a saúde da população.

A irresponsabilidade de um prefeito transformou uma cidade, que é o cartão-postal de um país, e o carnaval, um dos eventos mais importantes deste cartão-postal, num carnaval do lixo, como destacou o jornal 'The Independent'.

>> 'The Independent': Copa do Mundo no Brasil vai ser só lixo?

Uma negociação que envolve homens sérios, com responsabilidade pública, não devia se permitir a leviandade de levar oito dias para sair do piso de negociação - 9% - para 37%, tendo ainda demitido 300 funcionários e voltado atrás, e tendo ainda dito todas as barbaridades e ofensas para os garis grevistas, chamados de "marginais" pelo prefeito, que ainda classificou a paralisação de '"motim". Depois disso tudo, Eduardo Paes finalmente concede o aumento diante de uma cidade fétida e com aparência de abandono. Realmente, o prefeito tem que fazer uma reflexão.

>> Paes chama greve dos garis de motim e envolvidos no movimento de marginais

>> O que Eduardo Paes pensa que o ouvido da população é?

A resistência e a intransigência mostram a irracionalidade do prefeito. O poder público perdeu a autoridade moral para tentar qualquer negociação com novas reivindicações que outros segmentos do serviço público queiram fazer.

Esta cidade já teve prefeitos que fizeram uma Avenida Presidente Vargas há quase cem anos, teve um alcaide que fez um túnel da importância do da Linha Amarela, com 2.187 metros e que liga a Zona Oeste à Zona Norte, uma cidade que fez a Cedae, o Favela-Bairro, o Aterro do Flamengo, o túnel Rebouças. Uma uma cidade que teve um prefeito que fez o Maracanã... A cidade só não tinha feito um prefeito que parece ser um homem do lixo.

O Jornal do Brasil clama aos poderes públicos para que o Rio de Janeiro também não seja uma cidade como outras que, depois de Olimpíadas, viu ser instalada a crise.