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Minoritários questionam indicações do BNDES para Conselho da Oi

"Atitude reforça as suspeitas de cumplicidade em crimes que lesaram a população"

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A Oi tem dois novos administradores nos cargos que estavam vagos no Conselho, com mandato até 2018 -- Marcos Duarte Santos e Ricardo Reisen de Pinho. De acordo com informações do jornal português Público, apesar de os dois brasileiros terem a categoria de administradores independentes, seus nomes teriam sido sugeridos pelo BNDES. 

"Esta atitude reforça as suspeitas de cumplicidade do BNDES em crimes que lesaram a população brasileira através da OI", alerta Aurélio Valporto, vice-presidente da Associação Nacional de Proteção dos Acionistas Minoritários (ANA).

A ANA já tinha entrado no início deste mês com uma representação no Ministério Público Federal (MPF), para apurar a origem e a autoria da evolução da dívida bilionária da Oi após a fusão com a Portugal Telecom, entre delitos e crimes verificados pela entidade. O caso foi encaminhado para a procuradora Carmen Santanna, que deve receber o documento no dia 23 de agosto. Na ocasião, Valporto comentou com o JB sobre a omissão do BNDES em relação às denúncias de irregularidades. O BNDES tem quase 5% do capital da Oi.

>> Confira o documento encaminhado ao Ministério Público

>> Acionistas entram com representação no MPF contra executivos da Oi

"Aconteceu o que eu supunha. Como o BNDES aceita colocar dois membros, ainda que independentes, em um conselho que dolosamente omite-se na defesa dos direitos da companhia?", questiona Valporto. "Vamos acompanhar de perto o comportamento destes dois conselheiros. Se nada fizerem no sentido de reaver recursos desviados do povo brasileiro através da empresa, também serão pessoalmente responsabilizados."

Valporto sustenta que a indicação dos dois brasileiros foi uma tentativa de "dar credibilidade a esse conselho omisso e criminoso". "Eu não esperava isso da administração Maria Silvia. Os próximos passos desses conselheiros serão fundamentais para verificarmos se este é um gesto de apoio do BNDES a um conselho que age dolosamente ou se foram colocados lá para resolver problemas da companhia. A começar por reaver os valores desviados."

No documento apresentado ao MPF, a associação de minoritários levanta uma série de delitos e crimes que envolveram a integralização do capital da Oi pela Portugal Telecom SGPS S.A., agora Pharol SGPS S.A, e também a omissão de informações por parte do Santander. A Portugal Telecom fazia parte do mesmo grupo da Rioforte, e aportou títulos podres desta ao capital da Oi, sem o conhecimento dos acionistas. 

"A Oi S.A, de forma incompreensível, ignorou a perda ocorrida e não buscou reaver os valores", diz a representação da ANA. De acordo com Valporto, novos documentos que indicam fraudes na Oi têm surgido.

Valporto também reforça que Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, sócia da Oi que participou da negociação do aumento de capital contestada pelos minoritários, pode ter muito a esclarecer sobre a fusão entre Oi e Portugal Telecom. Azevedo fez acordo de delação premiada na Lava Jato. 

A indicação de dois conselheiros que teriam ligação com o BNDES mostra ainda que o grupo português que tenta dominar a Oi tenta também envolver o governo na empresa, afirmando que os dois novos membros pertencem ao BNDES. O grupo português que tenta dominar a Oi escondeu no baú o Grupo Espírito Santo, conhecido como tradicional financiador do governo do ditador Salazar. E hoje ele dá desfalque na empresa de brasileiros, usa o BNDES como se aqui fosse sua colônia, e ainda esconde o grande roubo que seus patrícios fizeram na Oi, de 1,2 bilhão de euros.