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Fraude no Banco Econômico é o dobro da Lava Jato, diz jurista

Pena para ex-presidente Ângelo Calmon de Sá prescreve em outubro

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O jurista, professor, ex-promotor de Justiça e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil, Luiz Flávio Gomes, disse, em entrevista ao Jornal do Brasil, que o caso do Banco Econômico é um dos 30 maiores escândalos financeiros do Brasil e está muito além da fraude na Petrobras, atualmente alvo da Operação Lava Jato.

"A fraude do Banco Econômico é de R$ 13 bilhões, um valor inimaginável e pelo menos duas vezes maior que os R$ 6 bilhões estimados com o escândalo da Petrobras", comparou o jurista.

Apesar da altíssima cifra, Luiz Flávio Gomes alertou para um dado que é, em sua opinião, ainda mais preocupante: a punição do ex-presidente do banco Ângelo Calmon de Sá poderá prescrever em outubro. Ele explicou que Calmon de Sá foi condenado a 13 anos em 2007, quando já tinha 72 anos de idade. O ex-presidente entrou com recurso na Justiça de São Paulo e conseguiu reduzir a pena para oito anos.

"No Brasil, uma pena de oito anos prescreve em 16 anos. Como ele tem mais de 70 anos, esses 16 anos caíram para oito. De 2007 para cá, passaram-se exatamente oito anos. Portanto, o crime prescreve no mês que vem", lamentou o professor.

Ele afirma, ainda, que o Ministério Público Federal (MPF), vislumbrando as grandes chances de prescrição, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que a pena de Calmon de Sá seja revista e aumentada. O jurista teme, porém, que o STJ demore para julgar o caso.

"Se o STJ subir a pena, ele poderá evitar a prescrição. Mas ele não costuma julgar rápido, o que significa que as chances de impunidade são de 99%. É muito preocupante, porque muita gente levou prejuízo, muitos correntistas do banco e credores internacionais. É um choque. Tudo isso estampa e reflete como as coisas se dão no Brasil. A Lava Jato é uma exceção, mas não podemos nos iludir muito, não", disse Gomes.

Leia a análise do jurista sobre o caso do Banco Econômico:

Roubar banco é coisa de pobre, afundá-lo (o Econômico, por exemplo) é coisa de nobre

Entenda o escândalo do Banco Econômico:

>>Ex-dirigentes do Banco Econômico são condenados à prisão

>>Calmon de Sá condenado no STJ por gestão fraudulenta do Banco Econômico

>>Banco Econômico deve R$ 18 bilhões ao Banco Central