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Levy está fazendo o que pode ser feito, afirma ex-ministro da Fazenda

Bresser Pereira também criticou BC por sucessivos aumentos da Selic

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"Levy está fazendo que deve ser feito, o que pode ser feito", disse nesta sexta-feira o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira. Em evento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre inflação e crescimento, o economista criticou as sucessivas altas da Selic pelo Banco Central (BC). Para ele, a simples desaceleração econômica por que passa o Brasil já seria suficiente para conter os altos níveis de inflação. "É o BC que não está fazendo o possível para solucionar a crise. Eles estão anulando todos os esforços do Levy", opina.

Após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa básica de juros se fixou em 14,25%, maior patamar desde julho de 2006. De acordo com Bresser, uma elevação tão significativa da Selic aumenta os gastos do Governo em uma época de crise, além de não ser a única forma de conter a inflação. Ele ainda ressalta que o país enfrentou, nos últimos anos, um forte desequilíbrio fiscal que certamente exige os ajustes propostos por Levy.

Apesar do cenário de crise, o ex-ministro aponta uma oportunidade para a economia brasileira na atual desvalorização sofrida por sua moeda. "A depreciação do real torna a indústria brasileira mais competitiva frente a seus concorrentes. Isso estimula o consumo interno e, em longo prazo, irá reaquecer as exportações", explica.

Sobre a Agenda Brasil, conjunto de medidas propostas pelo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), Bresser se mostrou otimista. Em sua visão, "algumas das ideias são ótimas. A mais importante delas é definir a idade mínima da aposentadoria. Sem isso, a situação previdenciária fica insustentável".

O economista vai além e diz que, após a contenção da crise imediata vivida pelo Brasil, Levy encontrará outro desafio: corrigir a desvantagem competitiva estrutural do país, avaliada por ele como o principal motivo para a desindustrialização brasileira. "A nossa indústria hoje é claramente menos eficiente do que era há alguns anos atrás", enfatiza.

Na manhã desta sexta-feira, em evento da Amcham em São Paulo, Joaquim Levy afirmou que a economia do Brasil está se reequilibrando e que investir no país voltou a ser atraente. Delfim Netto, que também já chefiou a Fazenda, elogiou as colocações do atual ministro e se mostrou confiante de que suas propostas terão resultados positivos.

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O seminário "Inflação e Crescimento" foi organizado pela Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV, em homenagem aos 70 anos do professor e economista Fernando de Holanda. Dentre os presentes estiveram o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Veloso e o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore.