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Alexis Tsipras: 'Eu não traí o povo grego'

Primeiro-ministro afirmou no Parlamento que o governo está 'no limite'

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O primeiro ministro grego discursou no Parlamento na noite desta sexta-feira (10), antes da votação dos deputados, para defender seu projeto de acordo. "Eu não traí, nem o povo grego, nem todos aqueles que pediram rapidamente um acordo", disse, admitindo ter cometido "erros", conforme noticiado pelo jornal francês Le Figaro.

"Nós estamos empenhados em um quadro muito preciso para obtermos um acordo viável, que é a possibilidade para superar a clivagem (a partir do referendo), e chegar a uma unidade nacional. O ‘não’ foi um mandamento para chegar a um melhor acordo, como uma escolha de dignidade para uma grande parte do povo grego. Esse ‘não’ foi para mim também um voto de confiança no governo e seus esforços", acrescentou ele, reconhecendo que o projeto de acordo estava "longe" das promessas do Syriza.

"O programa das reformas que nos é pedido é difícil. É melhor do que um ultimato de quinze dias atrás, mas difícil. Nós temos hoje pela primeira vez uma possibilidade de um acordo que poderia levar a un terme possibilidade Grexit, de enviar uma mensagem positiva aos investidores, aos mercados. Se a dívida for aliviada, os investidores poderão mostrar  confiança na economia grega, nós poderíamos encontrar contrapartidas para essas medidas que poderiam levar à recessão", disse ele à tribuna.

Alexis Tsipras afirmou também que seu governo "está no limite" para fechar um novo acordo com o eurogrupo. "Chegamos ao nosso limite. A partir deste momento, está à frente de nós um campo minado. Não pedi um referendo para sair do euro, mas para reforçar as negociações. Fiz tudo o que era humanamente possível nessas circunstâncias difíceis", disse o premier. Enquanto apresentava o novo projeto enviado aos credores europeus, ele foi interrompido por gritos de "mentiroso" por diversas vezes. Tsipras reconheceu que cometeu erros durante os debates nas mesas de negociações e que as medidas que propôs estão "longe" dos empenhos prometidos nas eleições.

A proposta apresentada nesta sexta-feira (10) prevê a arrecadação de 12 bilhões de euros, a abolição dos descontos no IVA a partir de 2016 em ilhas turísticas e aumento de impostos sobre restaurantes (23%) e hotéis (13%). Outros setores, como artigos de luxo, empresas e imóveis, também devem ser afetados.

O pacote promete ainda uma reforma no sistema previdenciário e um corte de 300 milhões de euros nos gastos com Defesa. Em troca da implantação das medidas de austeridade, a Grécia pede aos credores 53,5 bilhões de euros para honrar suas dívidas até junho de 2018.

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* Com informações da Ansa e do jornal Le Figaro