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Primeiro-ministro grego diz que referendo é sobre 'dignidade'

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Em uma praça Syntagma repleta de gregos contrários às políticas de austeridade da União Europeia, o primeiro-ministro Alexis Tsipras fez nesta sexta-feira (3) um inflamado discurso em favor do "não" no referendo do próximo domingo (5). Eleito há apenas seis meses, o premier subiu em um palanque na praça mais simbólica de Atenas para lembrar que a consulta popular representa mais do que uma questão econômica, colocando em jogo a "dignidade" do país.

"Domingo não decidiremos simplesmente sobre estar na Europa, decidiremos sobre ficar na Europa com dignidade", declarou. Segundo Tsipras, a Grécia está vivendo um momento histórico, com todos os olhos do continente voltados para o seu povo.

"Hoje é a festa da democracia. Mais uma vez, escrevemos juntos um momento histórico, desejo que no domingo vocês digam 'não' às chantagens", acrescentou. 

>> Pesquisa mostra Grécia dividida entre 'sim' e 'não'

Convocado pelo primeiro-ministro há uma semana, o referendo dirá se Atenas deve aceitar ou não as exigências dos seus credores para ter acesso a um pacote de ajuda de mais de 7 bilhões de euros.

Entre outras coisas, esse dinheiro será usado para pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) que venceu na última terça-feira (30), colocando a nação em situação de default.

Para liberar os recursos, o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu exigem do governo grego um amplo plano de reformas, incluindo aumento de impostos e revisão de aposentadorias. Já Tsipras cobra uma reestruturação da dívida do país, considerada "impagável" por ele. Além disso, o premier defende que adotar novas medidas de austeridade apenas agravaria a crise econômica e social na Grécia.

As últimas pesquisas mostram que o país está praticamente dividido entre o "sim" e o "não". Uma sondagem publicada pelo jornal "Ethnos" diz que 44,8% dos eleitores acham que o governo deve aceitar os termos do acordo, enquanto 43,4% preferem que Tsipras rejeite a proposta dos credores. Os indecisos são 11,8%.

Protestos na Europa

Milhares de pessoas saíram às ruas nos últimos dias, na Alemanha, Inglaterra, Itália e França, contra as medidas de austeridade na Grécia.

Em Berlim, uma passeata com aproximadamente 3.700 pessoas pediu um rumo mais solidário na política da Alemanha e resto da União Europeia (UE) para a Grécia. Em Roma, quase mil manifestantes também deram seu apoio à Grécia. Na França, centenas de pessoas caminharam em Paris em apoio ao povo grego, liderados por partidos de esquerda.

Já na capital inglesa, os manifestantes encheram as ruas do lado de fora do Banco da Inglaterra, no centro do distrito financeiro londrino, com cartazes e faixas que diziam “Encerre a Austeridade Agora”. Eles pararam e ouviram discursos antes de marcharem rumo ao Parlamento.

As manifestações da população da Europa em solidariedade à Grécia mostra que o clima político é de turbulência, e de forte tendência à esquerda. Este cenário, aliado às recentes vitórias de representantes de partidos radicais em Madri e Barcelona, evidencia que a Europa está rumando para um período de fortes conflitos políticos entre direita e esquerda, nos quais o extremismo pode mostrar que sua força está crescendo.