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Imprensa internacional dá destaque ao momento econômico brasileiro

Canal econômico Bloomberg deu destaque aos desafios da nova economia do país

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O Brasil está na mira da imprensa e dos investidores mundiais. Conforme foi publicado pelo Jornal do Brasil, o portal econômico Bloomberg preparou um especial de reportagens sobre a crescente economia do país, que saiu da 16ª colocação mundial em 1981 para 6ª em 2012, ultrapassando potências como Reino Unido, Espanha e Itália. 

Neste sábado (17), o site do canal econômico destacou uma matéria, intitulada ‘Brasil enfrenta maldição da expansão do petróleo como motor mundial de recursos naturais’, em tradução livre, ressaltando a descoberta do pré-sal e posicionando o país como o maior detentor de recursos naturais do mundo. A preocupação da opinião internacional é como o Brasil vai aproveitar este potencial de crescimento para concretizar sua indústria e seus índices sociais.

“Eles podem se tornar a Noruega, ou ser como tantos outros países onde o petróleo não trouxe crescimento e desenvolvimento”, afirmou Alberto Ramos, economista para a América Latina da Goldman Sachs Group de Nova York à Bloomberg. “É melhor agir com inteligência e tomar medidas projetando o futuro, senão isso [a extração de petróleo] pode prejudicar o país”.

O site recorda que a demanda por alimentos e metais para a industrialização aquecida da Ásia triplicou o preço das commodities na última década, produtos que o Brasil lidera em exportações. Também foram citados o aumento do valor do minério de ferro e dos grãos de soja e a ampliação, em quase sete vezes, do investimento estrangeiro direto. Estes fatores auxiliaram o real a dobrar sua cotação nos últimos dez anos, perfazendo o melhor desempenho num ranking de 163 países analisados pelo canal econômico.

No entanto, especialistas internacionais se preocupam com a euforia do atual momento e apontam que uma economia deve, sim, se apoiar na exportação de commodities, mas que a volatilidade no preço desses produtos é um fator de risco. 

Por isso, é necessário investimento na indústria para garantir o crescimento da produção. A reportagem ressalta a baixa taxa de expansão industrial registrada em 2011, de 1,6%, influenciou o baixo índice de crescimento do PIB, de 2,7%, a segunda pior performance do setor desde 2003.

“A maior parte da produtividade em um país com a economia em desenvolvimento vem do setor industrial, não da agricultura ou da extração de recursos naturais”, disse Neil Shearing, economista da Capital Economics. “Uma das consequências do crescimento liderado pelos recursos naturais é o estreitamento dos outros setores”.

Empresas e indústria

O canal econômico fez uma breve retrospectiva da história econômica brasileira, salientando que o país sempre se apoiou nos recursos naturais abundantes de seu território como principal fonte de riqueza.

Além disso, a reportagem analisou o esforço brasileiro em solidificar seu setor industrial a partir das décadas de 50 e 60. “Não somente no Brasil, mas em grande parte da industrialização da América Latina foi justificada no argumento da fragilidade dos preços das commodities em longo prazo”, disse Werner Baer, professor de economia da Universidade de Illinois e autor do livro ‘The Brazilian Economy, Growth and Development’. 

Todavia, apesar das décadas de iniciativas para reverter a disposição econômica, as maiores exportações brasileiras em 2011 foram minério de ferro, soja, cana de açúcar, café e frango – todos commodities. 

O aumento do preço desses produtos ocasionou a valorização das ações brasileiras, totalizando atualmente 2,73% da capitalização mundial, número expressivo se comparado com oito anos atrás, quando essa taxa era de 0,7%. 

Nesse sentido, foram citadas as companhias Vale do Rio Doce, maior produtora de minério de ferro mundial, BRF Brazil Foods AS, criada na fusão entre Perdigão e Sadia em 2009 e maior fazenda de aves do mundo, e a Petrobras, que ocupa a quinta colocação entre as petrolíferas de todo o planeta.  

Câmbio

“O lado negativo desse movimento econômico tem sido o atraso no setor industrial do país”, opinou Shearing à Bloomberg. A presidente Dilma Rousseff expressou muitas vezes preocupação de como o fortalecimento do câmbio é prejudicial a exportadores, ao tornar os produtos nacionais mais caros. Na última semana, ela prometeu tomar todas as medidas necessárias para proteger a economia do que chamou de uma “tsunami monetária” da fluidez de capital da Europa e dos Estados Unidos.

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já interveio na busca de blindar a indústria brasileira com ações para desvalorizar o câmbio. Na terça-feira, ele disse que se o governo não tivesse tomado medidas cambiais nos últimos anos, o dólar estaria cotado a R$ 1,40 ou menos e a indústria brasileira já estaria quebrada. 

Recentemente, o país cortou em 0,75% sua taxa básica de juros (Selic) e ampliou o período de incidência do Imposto sobre Operação Financeira (IOF) para empréstimos externos de três para cinco anos, numa busca de evitar a entrada excessiva de capitais apenas especulativos. Especialistas apontam que o real deva se desvalorizar em 20% para ser ‘sustentável’.