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Médico não crê que suspeitos de tramar ataque à UNB tenham transtornos mentais 

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Nesta quinta-feira, a Polícia Federal (PF) prendeu Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, suspeitos de planejar um atentado contra estudantes do curso de Ciência Sociais da Universidade de Brasília (UNB), descritos pela dupla como “cânceres” e “parasitas”. O ataque seria nos mesmos moldes do realizado por Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 crianças e deixou mais de 20 feridas em uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011. Há indícios de que os detidos tenham trocado informações com Wellington antes do massacre.

Apesar de demonstrarem uma conduta extremamente agressiva, o professor do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Universidade Federal Fluminense (UFF), Mauro Vitor Mendlowicz, não acredita que os homens sofram de algum tipo de doença mental grave, como esquizofrenia ou psicopatia. Segundo o especialista - que ressalta o fato de não ter condições de fazer uma análise conclusiva já que não pôde examiná-los -, o caso parece ser um exemplo do que é conhecido pela psiquiatria como "ideia sobrevalorizada".

“Infelizmente, o ser humano tem uma tendência a atacar quem não pertence ao seu grupo. Como um torcedor de determinado time que agride uma pessoa pelo simples fato de ela torcer pelo adversário. Em alguns indivíduos estas crenças se manifestam exacerbadamente, de modo que todo o seu comportamento gire em torno delas. Mas isto não significa que não sejam psiquicamente normais”, explica. 

Se comprovada a tese do especialista,  os dois não poderiam ser beneficiados pelo Art 26º do Código Penal, que isenta de pena os que, "por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato". Eles devem responder por incitação à prática de crimes, discriminação e divulgação de imagens de pornografia infanto-juvenil. Emerson Eduardo Rodrigues ainda é suspeito de agredir a esposa e participar de assassinatos com motivação.  

Segundo a Polícia Federal, ele era responsável pela maior parte do conteúdo de um site que disponibilizava instruções de como abordar crianças para violentá-las sexualmente, cometer assassinatos e esconder armas.  Também na página  estavam diversas mensagens de cunho preconceituoso - algumas direcionadas à presidente Dilma Rousseff e ao deputado federal Jean Willys (PT-RJ) - e de imagens de pessoas mortas e de pornografia infantil. Além de Wellington Menezes de Oliveira, outros criminosos eram lembrados de maneira positiva. 

Na visão de Mauro Vitor Mendlowicz, isto é um indicativo de que a internet tem acelerado a disseminação das ideias e procedimentos de grupos que pregam o culto ao ódio. "Procuram entender a método dos assassinos, que tem ficado cada vez mais sofisticados. Exemplo é o atirador que matou três crianças na França, que usou uma câmera presa ao pescoço para filmar a ação, como sugerido pelo terrorista norueguês Anders Breivik", conclui.