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Porteiro da escola de Realengo tenta descontrair alunos

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Porteiro e merendeiro da Escola Municipal Tarso da Silveira, Joaquim Vitorino chamava pelo nome cada uma das crianças que voltaram ao local do massacre nesta segunda-feira para pegar o material escolar deixado nas salas. Apesar de ainda ter os assassinatos frescos na memória, o funcionário de 57 anos tentava esquecer a tragédia brincando com os alunos que entravam na escola. O que ele não conseguia esquecer era a frieza e a tranquilidade do assassino Wellington Menezes de Oliveira. 

"Lembro das duas vezes que ele esteve aqui neste ano. Na primeira, para pegar o histórico escolar. Depois, no dia dos assassinatos", lembra Joaquim. Funcionário da escola desde 2000, ele pegou apenas o último ano de Wellington no local e não tem outras lembranças do rapaz. "Ninguém poderia esquecer de nada. Ele estava perfeitamente calmo, não dava um sinal de nervosismo sequer. O que andam falando sobre ele é verdade, ele era muito frio".

Além das brincadeiras, Joaquim também confortava com um abraço os alunos e pais mais abalados que passavam na escola. Seu maior temor agora é pelo futuro dos alunos que viram de perto os assassinatos. 

"Na hora, eu ouvi os tiros e vi os alunos correndo. Como não sou besta, não pensei duas vezes e saí correndo também. Mas muitos deles ficaram presos lá, viram as mortes, os corpos empilhados. Essas crianças não querem mais voltar", conta o porteiro. "Elas chegam aqui e falam para mim, 'Seu Joaquim, não sei se volto não'. Alguns nem vieram, mandaram os pais buscar os materiais que deixaram na escola. Tenho medo disso tudo acabar".