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O que faz um ministro “politico”?

Ministérios e secretarias podem ser ocupados por cidadãos leigos nos assuntos de suas pastas

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Talvez por ser filho, sobrinho e neto de “marinheiros” e constatar desde a mais tenra infância que o Ministério da Marinha, enquanto existiu, era chefiado por um almirante, sempre acreditei que os ministros nomeados pelo presidente da Republica eram pessoas que entendiam do riscado. Não passava pela minha cabeça que um general pudesse ocupar a pasta da Aeronáutica, nem que um engenheiro fosse indicado para a Saúde.

Na minha ingenuidade para coisas da política comecei a suspeitar que não era bem assim no dia em que o governador Leonel Brizola nomeou um cirurgião plástico para a Secretaria de Transportes. 

A partir daí fui percebendo que ministérios e secretarias de Estado podiam ser ocupados por cidadãos completamente leigos nos assuntos de suas pastas. Informando-me a respeito, descobri então que na formação dos gabinetes existem dois tipos de ministros: os técnicos e os políticos. Os técnicos são aqueles que sabem do que estão falando, como os antigos ministros da Marinha. Os políticos, bem os políticos são aqueles que sequer sabem o endereço de suas pastas. Foram nomeados por amizade ou para dar emprego e relevo a candidatos derrotados ou pela necessidade de uma composição política entre os partidos da coligação. As razões são muitas, sortidas e variadas, mas nenhuma delas tem como escopo o interesse nacional. O que a dona Ideli Salvatti entende de pesca? Ela jamais pegou num caniço! 

O último pacote de nomeações – já devem ter surgido outros enquanto escrevo – para o futuro governo contemplou nove políticos e um técnico. O técnico certamente não é Moreira Franco na Secretaria de Assuntos Estratégicos! Dizem por aí que Dilma precisaria de 85 ministérios – são 37 no momento – para abrigar todos os políticos interessados em ocupar o assento dos técnicos. Agora pergunto: o que fará um ministro-político em uma pasta que lhe foi entregue como um presente de Natal? Vai nomear um monte de correligionários e cabos eleitorais, vai assinar pilhas de papel sem ler, vai viajar muito para aproveitar as gordas diárias oficiais, e na certeza de que não foi nomeado por ser um especialista vai botar ao seu lado um ou dois funcionários que conhecem as entranhas da casa e vai tratar de cuidar da sua horta, que é preciso garantir a próxima eleição.