Para comprovar sua tese, A geóloga Linda Elkins-Tanton conduziu uma análise química e física dos meteoritos da Terra – uma boa analogia com os componentes básicos do nosso planeta. Em seguida, Linda usou os dados em uma simulação de computador de planetas primitivos que se assemelham ao nosso. Os modelos da geóloga mostram que uma grande porcentagem de água em rochas fundidas forma rapidamente uma atmosfera de vapor antes de esfriar e se condensar em um oceano.
O processo levaria dezenas de milhões de anos, o que significa que os oceanos se encontram na Terra há pelo menos 4,4 bilhões de anos. Até mesmo a quantidade escassa de água no manto, que é mais seco do que a areia do Deserto do Saara, deve produzir oceanos de centenas de metros de profundidade, conta Linda à revista Astrophysics and Space Science.
Especialistas em astrobiologia estão surpresos com a rapidez com que a vida se desenvolveu na Terra – 600 milhões de anos após a criação do planeta, ou 3,9 bilhões de anos atrás. De acordo com o especialista em astrobiologia da Universidade Estadual de Washington, Dirk Schulze-Makuch, as descobertas de Linda podem ajudar a explicar porque, “se os oceanos estavam presentes logo após o impacto que formou a Lua, a evolução da vida seria possível bem antes”. Makuch afirma ainda que o estudo explica porque a vida já era relativamente complexa quando foram descobertos os primeiros sinais nas rochas existentes.
P i n C h e n , c i e n t i s t a p l a n et á r i o d o L ab o ra t ó r i o d e P ro p u l s ã o a Ja t o d a N a s a e m Pas a d e n a , C a l i f ó r n i a , d i z q u e L i n d a a p re s e n t a u m a c o nv i n c e n t e h i s t ó r i a c i e n t í f ic a d e q u e o s o c e a n o s s e fo rm a ra m b e m c e d o. C h e n o bs e rva q u e o t rab a l h o t a mb é m d e f e n d e a s u g e s t ã o d e q u e M a r t e a p re s e n t ava u m c l i m a m a i s ú m i d o d o q u e o d e h o j e e e n t ã o p o d i a t e r s u s t e n t a d o a v i d a . O m e s m o t a m b é m a c o n t e c e c o m a lg u n s p l a n e t a s s e m e l h a n t e s à Te r ra , q u e o s a s t r ô n o m o s e s t ã o c o m e ç a n d o a d e s c ob r i r, d i z S ch u l z e M a k u ch .
Mesmo assim, Max Bernstein, especialista em astroquímica do centro de operações da Nasa, em Washington, lembra que os modelos de Linda não incluem a possibilidade de os impactos de asteróides e cometas terem fervido as águas durante a formação do sistema solar.
– O fato de haver um oceano antigamente não significa que ele tenha sobrevivido tempo suficiente para geração de vida – conta.
Para Linda um impacto ainda maior não faria que planetas semelhantes à Terra perdessem mais da metade dos seus oceanos.
Tradução: Maíra Mello.