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Exército busca reaproximação de moradores do Alemão

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Uma resolução aprovada em reunião no início da tarde desta quinta-feira entre o chefe do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Junior, e oficiais que trabalham no Complexo do Alemão, aponta para a busca de uma reaproximação entre Exército e a comunidade do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O objetivo é reestabelecer a confiança da população na ação da força de pacificação do Alemão. Conflitos e manifestações de moradores nos últimos dias evidenciaram problemas no relacionamento entre os integrantes do Exército e os residentes na região.

O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, também conversou com o Comando Militar do Leste e a Força de Pacificação e afirmou que os moradores da comunidade vão receber atendimento de psicólogos e antropólogos. O primeiro encontro acontecerá no próximo sábado.

Exército de prontidãoNesta manhã, homens do Exército mantiveram a vigilância com veículos blindados nos principais acessos do Alemão, que viveu uma madrugada tranquila. A rotina dos moradores começa a voltar ao normal. Pessoas deixam suas casas para trabalhar sem transtornos, e o comércio funciona normalmente. O transporte e os serviços públicos de limpeza também foram restabelecidos.

O general Adriano Pereira Júnior afirma que todos os confrontos ocorridos foram orquestrados pelo tráfico. Ainda assim, o militar informou que os quatro militares envolvidos em confusão com moradores no domingo foram afastados. Um inquérito foi aberto para apurar as responsabilidades.

"Faltou a percepção de que era armadilha", disse o general. Na ocasião, segundo ele, soldados perseguiram dois homens que estariam em atitude suspeita e que se esconderam em um bar. Moradores reagiram e houve confusão. Para dispersá-los, soldados usaram armas não letais e alguns moradores foram feridos. Segunda-feira, houve nova confusão e protesto. Cartazes foram estendidos nas ruas com críticas ao Exército. Terça-feira, o tráfico atacou com tiros e bombas.

Comunidades ocupadas

A Polícia Militar ocupou por tempo indeterminado os morros do Adeus e da Baiana, de onde bandidos podem ter atacado a Força de Pacificação no vizinho Complexo do Alemão na noite de terça-feira. Há 120 policiais do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré), que atuam também em 11 pontos ao redor das comunidades. O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu que bandidos também entraram no Alemão pela Vila Cruzeiro, mas disse acreditar que, com o reforço, o bando já tenha ido embora.

Para evitar nova invasão, o Exército reforçou a segurança no complexo com 100 fuzileiros e preparou mais 200 para entrar em ação. Soldados do Exército retiraram, na última segunda-feira, barricadas feitas com tampas de bueiros e ralos na noite anterior. Houve revistas a pedestres, motoristas e motociclistas. Acessos foram vasculhados com blindados.

Pereira Júnior atribuiu o ataque ao anúncio da ampliação do tempo em que o Exército será mantido no complexo. "Foi divulgado que o Exército vai permanecer no local até junho, e as ações são uma reação a essa notícia", ressaltou o general. De manhã, circulou a informação de que o ataque foi motivado pelo fechamento de uma revenda de gás clandestina, que pertenceria ao irmão do traficante Marcinho VP, mas a Secretaria de Segurança não confirmou a informação.

Exército: traficante circula na favela

Após divulgar um vídeo na terça-feira mostrando que ainda há venda de drogas no Complexo do Alemão, Pereira Júnior confirmou o retorno de lideranças do Comando Vermelho para o conjunto de favelas. Segundo ele, entre os criminosos que voltaram a circular no local está Paulo Roberto de Sousa Paz, o Mica ou MK, 33 anos. A presença dele na região já havia sido denunciada por moradores.

"Ele frequenta o morro, mas não conseguimos prendê-lo porque ele tem muitos informantes que o ajudam a não se deparar com nossas patrulhas", destacou. O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, explicou que a medida de ocupar os morros vizinhos ao Alemão foi tomada devido à ausência de tropas federais nos locais. Em nota, a corporação explicou que os morros do Adeus e da Baiana são "locais com comandamento - ou seja, visão de cima para baixo -, portanto, facilitadores de agressão contra as tropas que patrulham a avenida Itararé".