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Juíza morta nunca pediu escolta, diz ex-presidente do TJ-RJ

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O ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) Luiz Zveiter negou nesta segunda-feira, em entrevista à rádio CBN, que a juíza Patrícia Acioli tenha pedido escolta policial antes de ser assassinada neste mês. Segundo o desembargador, que atualmente preside o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), em agosto de 2008, a juíza encaminhou à presidência do TJ-RJ (que na época era ocupada por José Carlos Murta Ribeiro) três relatos recebidos pelo Disque-Denúncia de que haveria um plano para assassiná-la. No documento, segundo Zveiter, a magistrada pedia apenas que fosse averiguada a veracidade das denúncias, sem citar qualquer pedido de reforço em sua segurança. Após acompanhamento feito pelo TJ-RJ, foi constatado que as denúncias eram improcedentes, e o caso foi arquivado.

"Em momento algum a doutora Patrícia pediu segurança. O ofício que ela encaminha era só para conhecimento do presidente na época, e não pede nenhuma medida", disse Zveiter. Em janeiro de 2009, um mês antes do desembargador tomar posse na presidência do TJ-RJ, foi concluído o relatório final sobre as ameaças de morte à juíza, que não constatou qualquer dado que motivasse o reforço na segurança. "Quando ela (Patrícia) esteve comigo em junho (de 2009), ela fez um documento de oito páginas onde eu pedia esclarecimentos, e ela não citou nem aquele fato de 2008 nem qualquer ameaça que estivesse sofrendo", completou. Para Zveiter, a morte da juíza pode ajudar no debate sobre a responsabilidade do Estado na segurança de magistrados. "Eu acho que esse papel não tem mais que ser do tribunal. Depois dessa confusão toda, eu acho que esse papel tem que ser dos órgãos de segurança do Estado", afirmou.

Juíza estava em "lista negra" de criminosos

A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados mais de 20 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.