Gabriela Lapagesse, Jaime Gonçalves Filho e Marcello Victor, Agência JB
RIO - Sete grandes deslizamentos que colocaram abaixo cerca de sete toneladas de terra .O saldo da chuva que assola o Rio de Janeiro, desde a noite desta terça-feira, e que ocasionou o fechamento do Túnel Rebouças, foi o caos no trânsito em várias vias, alagamentos, morte e a incerteza sobre a reabertura da principal via de ligação entre as Zona Sul e Norte do Rio. A liberação total pode levar até uma semana.
Segundo o secretário municipal de Obras, Eider Dantas, por medida de segurança, o trabalho de limpeza da entrada da segunda galeria do Túnel Rebouças, no Cosme Velho, Zona Sul do Rio, sentido Lagoa, só terá início quando cessar a chuva que atinge a cidade há mais de 48 horas. Segundo os principais institutos de metorologia, a previsão é de chuva para os próximos dois dias. A temperatura no eestao deve ficar entre 20 e 24 graus.
Os mais de 230 milímetros de água que cairam só no município do Rio são equivaletes a 60 dias de chuva. Durante todo o dia, cerca de 30 caminhões e 150 homens da secretaria municipal de Obras, além de retroescavadeiras, permaneceram a postos aguardando o fim da chuva para desobstruir a entrada do Túnel Rebouças.
O deslizamento de terra já provocou um embate entre os governos estadual e municipal pela responsabilidade do fato. Segundo a prefeitura, moradores do Morro Cerro Corá teriam denunciado que uma adutora da Cedae, que funcionaria poucos metros acima do local, estaria com um vazamento há alguns dias. O prefeito César Maia pediu uma apuração sobre o fato. O presidente da Cedae, Wágner Victer, desmentiu a existência da adutora e disse que a especulação é um ato de maldade ou de ignorância. A quantidade de terra que deslizou da encosta encheria cerca de 500 caminhões.
A volta para a casa foi menos traumática do que pela manhã. Várias empresas e órgão liberaram seus funcionários mais cedo. No horário do rush não houve problemas para os tiveram que trafegar por vias que tiveram o trânsito caótico, com a Linha Vermelha, Ponte Rio-Niterói, Aterro do Flamengo, Túnel Santa Bárbara, avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, no Centro, Borges de Medeiros e Epitácio Pessoa, na Lagoa, Rua Jardim Botânico, entre outras.
A chuva acabou ocasionou uma movimentação diferente no número de passageiros nos trens. Segundo a Supervia, houve um acréscimo de 20% de usuários. Diferente dos dias habituais, a grande concentração na Gare da Central do Brasil ocorreu a partir das 16h, o que normalmente acontece às 17h. O órgão deflagrou um plano de emergência. As equipes técnicas de manutenção ficaram de plantão e a segurança foi reforçada nas estações de maior movimento.
Já a concessionária Metrô S.A reduziu o intervalo na Linha 2 para quatro minutos e meio. A Linha 1 operou com intervalos de quatro minutos. Pequenas filas foram registradas em várias estações, principalmente as do Centro do Rio, mas não houve registro de tumulto. A Barcas S.A., concessionária administradora das barcas que fazem a ligação Rio-Niterói, informou que o movimento foi normal e tranquilo nas duas estações.
O fato mais lamentável da tarde de quarta-feira, em decoorrência do temporal, ocorreu na Baixada Fluminense. O corpo do menino Ronaldo da Silva Ribeiro, de apenas nove anos, foi encontrado em um bueiro na Rua Higino de Oliveira, no bairro Santo Elias, em Mesquita. Ele saia do colégio, no bairro Jacutinga, no mesmo município, quando foi arrastado pela água para o rio Brotas, que havia transbordado.
Em Nilópolis, também na Baixada Fluminense, um ônibus foi incendiado por moradores do bairro Vila Norma. Segundo bombeiros do quartel do município e policiais do 20º BPM (Mesquita), o vandalismo sido motivado pela revolta como os alagamentos e enchentes que assolaram o local. Ninguém ficou ferido nem foi preso. A Baixada foi a região mais atingida do Rio. Segundo a Defesa Civil Estadual, que permanece em estado de alerta, mais de 900 pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas no estado.
No município do Rio, os bairros do Rio Comprido e Estácio, na Zona Norte, e de Campo Grande e da Freguesia, na Zona Oeste, ficaram parcialmente sem luz. Segundo a Light, os bairros São Bento, Pantanal, Vila Rosário, Parque Lafaiete, Parque Laguna e Dourados, no município de Duque de Caxias, tiveram o fornecimento de energia elétrica prejudicados. A empres informou que aumentou em 22% o número de equipes de emergência que estão trabalhando nas ruas para o reestabelecimento das áreas atingidas. O número de posições de atendimento no call center teve o contingente aumentado em 30%.
O Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, que opera a ponte aérea Rio-São Paulo, permaneceu fechado durante todo o dia. Conforme o último boletim da Infraero, divulgado às 20h30, 128 dos 162 vôos programados para esta quarta-feira foram cancelados. Outros 18 registraram atrasos. Apenas 16 aeronaves aterrisaram. O saguão permaneceu vazio. Ainda segundo a Infraero, vários vôos foram transferidos para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, que operou durante quase todo o dia com auxílio de instrumentos.
Manhã de caos no trânsito e transtornos
A chuva que caiu no Rio desde a tarde de terça-feira no Rio, além do deslizamento da encosta sobre uma das galerias do Túnel Rebouças, provocou a interrupção da via, provocando um verdadeiro caos nas principais ruas e avenidas do Centro e das zonas Norte, Sul e Oeste da cidade.
O trânsito ficou parado no Aterro do Flamengo, na altura do MAM, nas pistas sentido Praça Mauá. No Centro, o tráfego ficou lento nas avenidas Rio Branco, Presidente Vargas, Francisco Bicalho, o Elevado da Perimetral e Viaduto do Gasômetro. O Rio Maracanã, na Tijuca, transbordou e a Radial Oeste ficou completamente parada.
Na Zona Sul, o trânsito ficou problemático na Rua Jardim Botânico, na Rua Humaitá, na Voluntários da Pátria, nas avenidas Epitácio Pessoa, Borges de Medeiros, Nossa Senhora de Copacabana e Auto Estrada Lagoa-Barra.
Por conta da chuva, a concessionária que administra o Metrô funcionou com 100% da capacidade. As composições saíram com intervalos de quatro minutos na Linha 1, que liga o Centro à Zona Sul, e de quatro minutos e meio na linha dois, que liga o Centro à Zona Norte. Posteriormente, o intervalo de saída do Metrô foi de seis minutos.
As barcas funcionaram normalmente e não houve aumento significativo do número de passageiros, segundo a empresa. Devido à forte chuva, a SuperVia informou que a velocidade dos trens foi reduzida e, por isso, a circulação ficou com pequenos atrasos em todos os ramais. A empresa ressaltou que operava com 100 por cento da frota.
A interdição do Túnel Rebouças provocou reflexos ainda nas saídas da Ponte Rio-Niterói, para quem seguia em direção ao Rio. O fluxo no sentido Niterói era normalizado.
Por volta das 16h desta terça-feira, a terra começou a deslizar, mas para tentar facilitar a ida dos motoristas para a casa, o Túnel Rebouças só foi interditado às 22h. Na manhã desta quarta-feira, os trabalhos de contenção foram iniciados por técnicos da Geo-Rio, da Defesa Civil, da Comlurb e da Coordenadoria de Vias Especiais (CVE), quando por volta das 9h um deslizamento interrompeu os trabalhos. Por volta das 12h30 um novo deslizamento ocorreu.
O sistema Alerta Rio, da Secretaria de Obras do Município, informou que, até o início da tarde, em quase todas as estações pluviométricas da cidade, o acumulado de chuvas nas últimas quatro horas supera o do mês de outubro. No Grajaú, choveu 80 milímetros nas últimas quatro horas, na Tijuca 82 mm, em Laranjeiras 65,2 mm e, em São Cristóvão, 75,8 mm. Segundo o Instituto Nacional de Metereologia, a chuva vai continuar atingindo a cidade e a frente-fria deve permanecer no Estado até sexta-feira. A mínima é de 18 e a máxima de 29 graus.
Várias equipes da Light estiveram nas ruas para restabelecer a energia em algumas ruas que ficaram sem luz por causa da chuva. A subestação de Copacabana, na Zona Sul, desligou, deixando as ruas do bairro sem energia. A empresa informa que o problema já foi resolvido. Os sinais de trânsito também ficaram apagados em vários pontos. Faltou luz também nas localidades do Anil e Freguesia, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. O mesmo aconteceu na Barra da Tijuca, em Kosmos, Santa Teresa e no bairro da Tijuca.
A Defesa Civil Municipal registrou até o fim da manhã, 55 ocorrências sendo a maioria para infiltrações e rachaduras em residências. A Defesa Civil decretou estado de alerta para o Rio. A Guarda Municipal e a Prefeitura aconselharam às pessoas a ficarem em casa, já que a cidade, literalmente, deu um nó no trânsito e vários pontos ficaram alagados, como a Avenida Paulo de Frontim, no Rio Comprido, e Praia de Botafogo, na Zona Sul.