RIO

Encontrada cobra píton ball solta no Parque Nacional da Tijuca; buscas se encerram

Animal foi atacado por um cachorro, que também é uma espécie invasora, resgatada pelo Cbmerj e identificada com a ajuda do Cras Unesa

Por JB RIO
[email protected].

Publicado em 09/03/2023 às 15:27

Alterado em 09/03/2023 às 15:31

Cobra foi capturada por cachorro invasor Divulgação

O Parque Nacional da Tijuca informa que, na noite dessa quarta-feira (8), foi encontrada a píton ball que foi solta dentro da Unidade de Conservação na última sexta-feira (3).

A confirmação da identificação de que a serpente encontrada nesta noite de quarta-feira é a mesma que foi solta na semana passada foi feita para as equipes do parque pelo veterinário e biólogo Jeferson Rocha Pires, responsável pelo Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Rio de Janeiro, da Universidade Estácio de Sá (Cras Unesa).

Após ter sido solta na última sexta-feira, a píton, que é uma espécie de serpente exótica (isto é: ela não faz parte da fauna nativa, da fauna original do Parque), estava no setor Floresta e foi lá que um cachorro, vindo de uma casa dos arredores do parque (e que também é uma espécie invasora), acabou atacando a píton (que não é venenosa). O cão, então, levou a cobra para a casa de seu tutor.

O dono da casa, ao ver a cobra com o cachorro, acionou o Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro (Cbmerj). Quando chegaram na residência, os militares viram o animal, que estava muito machucado, e acionaram o Jeferson para verificar que espécie de serpente era, se poderia ser a píton e prestar atendimento de emergência.

A confirmação de que se tratava da mesma píton e o encerramento das buscas

Um dos critérios para identificar que era a mesma píton da semana passada é o padrão de manchas coloridas e desenhadas na pele da serpente (como se fosse o RG delas). O veterinário e biólogo comparou com fotos e vídeos da última sexta-feira. Com isso, as buscas feitas pelos monitores ambientais do Parque, que aconteciam todos os dias desde o sábado (4), foram encerradas.

O biólogo e veterinário recebeu os bombeiros em uma das clínicas da Universidade Estácio de Sá, para que pudesse prestar os primeiros socorros para a píton, e explicou que o Cras não era o local adequado para animais exóticos (por isso, o primeiro atendimento não foi feito no Cras). Ele orientou que, após o atendimento de emergência, a cobra fosse levada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, em Seropédica.

A serpente chegou ao Cras na noite dessa quarta-feira muito ferida, necessitando levar pontos onde foi mordida pelo cachorro, ter medicação aplicada e uma avaliação prévia de suas condições de saúde, que eram bem preocupantes. Os bombeiros, então, retornaram com a píton e devem encaminhá-la ao Ibama ainda nesta quinta-feira.

Toda essa história envolvendo a píton, a sua soltura e como ela foi encontrada mostra que este é um assunto muito complexo e sério e deve ir além da simples curiosidade. Por isso, vale destacar os seguintes pontos:

1) O perigo que é a existência de espécies exóticas dentro de uma Unidade de Conservação. Tanto a píton quanto o cachorro, dependendo de onde estejam inseridos, se tornam invasores e colocam a fauna nativa em perigo. A píton foi solta por engano; já os cachorros são soltos dentro do parque propositalmente, sejam abandonados por tutores que não os querem mais como pet ou simplesmente soltos (dentro ou nas áreas limítrofes do Parque) para se divertir como se estivessem em um quintal de uma residência – mas eles não estão. O parque faz, periodicamente, por meio de seus monitores ambientais e de seus canais de informação, campanhas de conscientização sobre a presença de animais exóticos dentro da UC, com foco nos cachorros. O objetivo não é, definitivamente, criar uma imagem ruim sobre os cães, mas sim fazer com que as pessoas entendam o motivo dele não ser permitido dentro de uma área de proteção ambiental como o Parque.

2) Durante a repercussão deste caso, ouviu-se bastante sobre o medo de haver uma píton solta dentro do parque mais visitado do país. O estigma criado sobre as serpentes precisa ser desfeito com informação correta. Esses animais, assim como todos do nosso ecossistema, fazem parte de uma cadeia ecológica importantíssima e que fornece inúmeros benefícios ao homem. Muito ao contrário do que se pensa, as serpentes não têm o hábito de atacar humanos se não estiverem envolvidas em uma situação específica (encurraladas, pressionadas, aprisionadas indevidamente etc);

O Parque Nacional da Tijuca recebe o movimento anual de 3 milhões de visitantes.