RIO
TOMBAMENTO DA FIORENTINA TRAMITA NA CÂMARA
Por Jornal do Brasil
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Publicado em 12/06/2021 às 08:20
Alterado em 12/06/2021 às 08:25
De autoria da vereadora Mônica Benício (PSOL), tramita na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro o PL nº 343/2021, propondo o tombamento do prédio do tradicional restaurante La Fiorentina, há 60 anos de frente para a praia do Leme. A proposição foi protocolada dia 20 de maio de 2021.
A parlamentar, que tem o mandato reconhecido pelo dinamismo, justificou assim a inciativa: “O restaurante La Fiorentina foi fundado em 1957, no mesmo imóvel onde hoje se situa. Por funcionar até o último cliente se despedir dos garçons, tornou-se ponto de encontro de artistas que saem de peças de teatro e shows na Zona Sul. A frequência de jornalistas e intelectuais perfez o cenário ideal para transformá-lo em uma referência gastronômica e cultural da cidade.
“O La Fiorentina é grande parceiro e incentivador da arte e da cultura carioca. Desde muito tempo, oferece permutas, descontos e divulgação para artistas e espetáculos, como uma forma de fomentar a classe e os projetos da cidade, tendo apoiado mais de 500 projetos, explica seu proprietário em carta dirigida ao nosso mandato, acompanhada da assinatura em apoio ao tombamento de personalidades da cultura entre atrizes, atores, diretoras, diretores, cineastas, produtoras, produtores, jornalistas, cantoras, cantores, roteiristas, escritoras e escritores.
“As paredes recobertas por autógrafos depositados ao longo de décadas, por seus frequentadores – eventuais ou habituais - são parte viva da história e da memória cultural da cidade. Não se pode correr o risco de que a ganância do lucro fácil da especulação imobiliária venha as pôr abaixo. Tombar o La Fiorentina é um ato de preservação do patrimônio cultural carioca."
O Projeto de Lei prevê que, em decorrência do tombamento, “ficam vedadas a demolição da edificação, a mudança da função da edificação atualmente existente, alterações das características do imóvel, que tenham potencial para inviabilizar as atividades do restaurante, o encerramento ou o embaraço das atividades do restaurante, por ato de proprietário atual ou futuro do imóvel.”
LEILÃO JUDICIAL
O imóvel tem sido objeto de ação judicial movida pelo Banco Cédula, de propriedade do empresário Michel Stivelman, que cobra uma dívida do restaurante (o Fiorentina deve R$ 1,5 milhão, o Cédula cobra R$ 9 milhões).
Mesmo tendo o Projeto de Lei de tombamento tramitando no legislativo fluminense, os proprietários do Banco Cédula promoveram um leilão judicial do imóvel.
Segundo o representante da Fiorentina, o diretor do Cédula, Franklin Pereira Filho, se recusou a negociar o valor da dívida. “Nunca atendeu sequer às nossas ligações. Esse processo está longe de terminar. Centenas de artistas e intelectuais do Rio, além de mais de dois mil cidadãos comuns, assinaram abaixo-assinado pedindo o tombamento da Fiorentina, um ícone da cultura brasileira”, diz Antônio Braga.
Ele prossegue: “Vamos continuar tentando um acordo. Só depende do banco. Mas o importante é que, com o tombamento, se não houver acordo com o Banco Cédula, o arrematante do imóvel, se a arrematação acontecer de maneira lícita, terá de respeitar o funcionamento do restaurante. Ainda temos uma longa e pesada guerra pela frente, mas para a qual espero um armistício”, concluiu.