Mamute, de Benoit Delépine e Gustave de Kerven (França) não empolga, apesar da presença do cultuado ator francês Gerard Depardieu como protagonista.
A história, contada sob forma de um road movie através das estradas francesas, segue o funcionário de um matadouro que acaba de completar 60 anos e vai requerer sua aposentadoria. Descobre então com grande surpresa, que muitos dos seus empregadores não o registraram na previdência social, ameaçando o pagamento do seu benefício mensal vitalício.
A bordo de uma moto alemã Munch Mammuth, Depardieu é também o Mamute do título. Bastante pesado e portando uma longa cabeleira, consegue por vezes ser melhor do que o personagem retirado de um roteiro que privilegia o surreal, nem sempre com situações de bom gosto. E que certamente não agradará a algumas platéias, com cenas que levam parentes a enterrarem seus entes queridos no jardim de casa, primos que demonstram sua saudade se masturbando mutuamente, e outras situações contadas como num painel de comicidade duvidosa, mais de acordo com traços culturais e burocráticos franceses.
A viagem de Mamute de volta às suas origens, reencontrando pelo caminho antigos colegas, velhos amigos, membros da família que há muito não via e ex-patrões é o melhor do filme, dando à história momentos oníricos com um sabor doce/amargo que humaniza um ser humano perdido no tempo. A presença carismática e o grande talento Depardieu se encarregam do resto.