ASSINE
search button

Drama e festa em 50 minutos: veja bastidores de ouro brasileiro na natação

Compartilhar

Guadalajara - Foram 50 minutos de pura apreensão. Leonardo de Deus deixou a piscina do centro aquático pan-americano de Guadalajara às 19h45 e foi correndo abraçar a comissão técnica brasileira. Sorriso no rosto, emoção a flor da pele. Havia conquistado a medalha de ouro dos 200 m borboleta e logo em seu primeiro Pan.

Mas por pouco o sonho não virou pesadelo. Enquanto concedia entrevista exclusiva ao Terra, o atleta, 20 anos, foi avisado que estava desclassificado. O motivo parecia insignificante: uma propaganda em sua touca, algo que a organização não permite, apesar de Leonardo garantir não ter sido avisado sobre o veto.

O brasileiro deixou a entrevista e saiu esbravejando, muito irritado. Não acreditava no que acabara de acontecer. A partir daí, se sucederam momentos dramáticos. Do abraço do presidente da CBDA, Coaracy Nunes, ao choro do atleta que não acreditava no que estava acontecendo. Foram 12 minutos na beira da piscina tentando mudar a decisão que parecia irreversível.

Ao receber nova negativa, Leonardo de Deus mais uma vez correu em direção ao vestiário dos atletas. Tudo parecia perdido. A organização, preocupada com a paralisação das seguintes provas, agiu. Posicionou os atletas que iriam ao pódio - sem o brasileiro - em uma fila, para assim dar sequência às finais dos 100 m peito feminino e 100 m costas masculino.

Neste momento as coisas começaram a mudar. De tanto insistir, o estafe brasileiro foi ouvido pela organização, que resolveu repensar a medida. O americano Daniel Lawrence, que herdaria o ouro do brasileiro e esperava ansiosamente pela medalha, tirou o agasalho e seguiu para a piscina de aquecimento.

O também brasileiro Kaio Márcio e o colombiano Omar Pinzon deixaram a fila. Naquele momento, torcedores e jornalistas cogitavam a possibilidade de uma nova prova para resolver o impasse. Mas não foi necessário. Às 20h25, o nome de Leonardo de Deus apareceu na primeira colocação no telão do complexo, para delírio do público. Dez minutos depois, ele subiu no lugar mais alto do pódio para ouvir o hino nacional.

O choro de raiva se transformou em lágrimas de emoção. "Eu conquistei uma coisa com o sangue e a raça do brasileiro e tentaram tirar de mim. Mas eles viram que erraram e a justiça foi feita", afirmou Leonardo em nova entrevista ao Terra, desta vez com a medalha de ouro no peito e sem interrupções.