POLÍTICA

'Bolsonaro e Cid tinham plena ciência de fraude', diz PF

PF deflagrou operação para apurar fraude no cartão do ex-presidente e pessoas de seu entorno; Cid e outros cinco foram presos

Por GABRIEL MANSUR
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Publicado em 03/05/2023 às 21:27

Alterado em 03/05/2023 às 23:50

Ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid Alan Santos / PR/Divulgação

Em representação encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal (PF) relatou que Jair Bolsonaro (PL) e seu ajudante de ordens e braço direito durante todos os quatro anos de mandato, Mauro Cid, tinham "plena ciência da fraude" no cartão de vacinação do ex-presidente e pessoas de seu entorno. A hipótese contraria a versão do ex-presidente, que afirmou não ter adulterado nada.

As investigações apontam Cid como principal articulador do esquema, mas reforçam que Bolsonaro "tinha ciência da inserção fraudulenta dos dados no sistema do Ministério da Saúde". Segundo as apurações, a informação da vacina teria sido irregularmente inserida no sistema do governo para viabilizar a entrada do ex-presidente e da filha nos Estados Unidos.

"Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento", diz a PF.

Segundo a corporação, o principal indício de que Bolsonaro sabia do esquema fraudulento é a emissão de comprovantes de vacinação do ex-presidente feitas a partir do Palácio do Planalto, em 22 e 27 de dezembro, período em que Bolsonaro e seus familiares estavam prestes a viajar para a Flórida, nos Estados Unidos, onde passaram uma temporada de três meses. Como perdeu as eleições, o ex-presidente não tinha mais direito de usar o passaporte diplomático, que o "liberava" da obrigatoriedade da vacinação.

Em sua decisão, Moraes diz que não é crível a afirmação da Procuradoria-Geral da República de que Mauro Cid tenha "arquitetado e capitaneado toda a ação criminosa, à revelia, sem o conhecimento e sem a anuência do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro".

Moraes também cita o "exposto e o notório posicionamento público" de Bolsonaro contra a vacinação.

“É plausível, lógica e robusta a linha investigativa sobre a possibilidade de o ex-presidente da República, de maneira velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, busca para si e para terceiros eventuais vantagens advindas da efetiva imunização, especialmente considerado o fato de não ter conseguido a reeleição nas eleições gerais de 2022.”

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