POLÍTICA

Bolsonaro trouxe fuzil dos Emirados Árabes e abriu 'embaixada fantasma'

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Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 11/03/2023 às 17:32

Alterado em 11/03/2023 às 17:37

Bolsonaro recebe um estojo com jóia na Arábia Saudita Palácio do Planalto / Alan Santos

O assunto Bolsonaro e países do Oriente Médio ganha mais um capítulo. Agora circula a informação de que a Embaixada do Brasil no Bahrein, aberta por Bolsonaro em 2019, nunca teve um embaixador durante toda sua gestão.

Além das investigações em torno das joias enviadas ao ex-mandatário não declaradas à Receita, segundo o portal Metrópoles, quando esteve nos Emirados Árabes Unidos (EAU), Bolsonaro trouxe no avião da FAB um fuzil e uma pistola.

O fuzil é de calibre 5,56 mm e a pistola, 9 mm. As armas, segundo integrantes da comitiva, teriam sido presentes de um príncipe de uma família real dos EAU. O fuzil foi entregue a um terceiro, que repassou o bem a Bolsonaro dentro do avião da Força Aérea.

Entretanto, diferente do tratamento dado às joias, os assessores do ex-presidente dizem que as duas armas foram declaradas ao Fisco e ao Exército para que fossem registradas.

Os assessores dizem também que não houve pagamento de imposto porque consideraram que as armas eram um presente para Bolsonaro e foram incluídas no acervo pessoal do ex-presidente.

Segundo o Metrópoles, se houver destinação pessoal, é preciso pagar imposto sobre as armas, o que também não foi confirmado se ocorreu. Segundo auditores fiscais, deve ser pago o imposto de qualquer bem importado, sejam joias, relógios ou armas, se o item não for destinado ao patrimônio da União. A alíquota é de 60% do valor do produto, em regra.

 

Embaixada 'fantasma'

Nessa sexta, foi divulgado pela coluna de Jamil Chade no Uol que a Embaixada do Brasil no Bahrein, inaugurada pelo ex-presidente em novembro de 2021, nunca teve um embaixador que ocupasse o cargo.
Dentro do Itamaraty e no Palácio do Planalto, fontes confirmaram ao jornalista que a abertura da embaixada ocorreu por pressão da família Bolsonaro, em especial do deputado Eduardo Bolsonaro, que passou a ser um frequente visitante do Golfo.

Chade recorda que um mês depois da abertura da embaixada, o deputado propôs a criação de um grupo parlamentar Brasil-Bahrein.

A chancelaria brasileira confirmou que o cargo ficou vago durante todo o governo Bolsonaro, e o gesto de deixar o posto sem embaixador foi interpretado por alguns dos principais diplomatas brasileiros como uma manobra para impedir que o órgão de Estado ficasse informado sobre a natureza das relações entre o Palácio do Planalto e o país árabe.

Na embaixada em Manama, foi colocada apenas uma pessoa que atuou como encarregado de negócios e, na prática, tratou-se de uma representação sem qualquer poder político.

Agora o governo Lula se encontra em um impasse, visto que se fechar a embaixada pode sinalizar aos árabes que o Brasil não está aberto a aproximações, portanto, o diplomata Adriano Pucci foi designado para liderar o posto. (com Sputnik Brasil)