POLÍTICA

Lira quer cota de ministérios para acomodar siglas do Centrão que não aderirem a Lula

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Por POLÍTICA JB com Agência Estado
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Publicado em 20/12/2022 às 05:43

Alterado em 20/12/2022 às 07:44

Arthur Lira com uniforme de cabo eleitoral de Bolsonaro reprodução da internet

Bruno Luiz - Nas conversas para destravar a tramitação da PEC da Transição, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem reivindicado junto a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a indicação de aliados da sua cota pessoal para o comando de ministérios e cargos no governo eleito.

O Broadcast Político apurou que a negociação é uma forma de contemplar partidos do Centrão que não devem aderir de início à gestão, como Republicanos, PP e até mesmo o PL, sigla do presidente Jair Bolsonaro, e que integram o núcleo duro de apoio à reeleição de Lira para presidência da Casa.

A possível indicação do deputado federal Elmar Nascimento (BA) para uma pasta, articulada nos bastidores, faria parte da estratégia do alagoano. Aliado de primeira hora de Lira, o líder do União Brasil na Câmara foi escolhido a dedo pelo colega para relatar a PEC da Transição. Nas mãos do parlamentar, responsável pela redação final do texto, pode ficar a escolha de mexer ou não em dois pontos fundamentais da proposta para o governo eleito: o valor de R$ 168 bilhões e o prazo de dois anos fora do teto de gastos.

As regras sofrem resistência na Câmara, que pode aprovar a PEC em versão desidratada, com montante e período menores do que os fixados pelo Senado. Lula quer manter a redação aprovada pela Casa Alta do Congresso, vista por ele e aliados como essencial para assegurar os primeiros meses de governabilidade do petista.

Com Elmar na relatoria da PEC, ele e Lira concentram alto poder de barganha em meio à montagem do novo governo. A ideia, segundo uma fonte ouvida pela reportagem, é que o presidente da Câmara tenha ingerência sobre ministérios que possam atender interesses de partidos aliados que ficariam de fora do governo porque decidiram não fazer parte da base de Lula no Congresso. Por isso, Elmar é cotado para uma pasta por ser da confiança de Lira.

Nos bastidores, o nome do baiano vinha sendo cotado para o Ministério de Minas e Energia. Nos últimos dias, entretanto, crescem os rumores de que ele pode ser alocado em uma das pastas que surgirá com o desmembramento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

O parlamentar cobiça manter o controle da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), estatal que teve o orçamento inchado por meio de verbas do orçamento secreto indicadas por deputados do Centrão, mostrou o .

Partido de Elmar, o União Brasil negocia integrar a base de Lula e cargos no próximo governo. Apesar da movimentação, o deputado federal Paulo Azi (União Brasil-BA), que defende que o União tenha posição de independência no Congresso, sugere que a indicação de Elmar poderia não ser parte da cota da sigla.

“É claro que nossa posição de independência não impede que, caso o presidente da República convide um membro do nosso partido, ele não possa assumir. No governo Bolsonaro, o partido teve três parlamentares que foram ministros de Bolsonaro e, nem por isso, nos últimos quatro anos, o nosso partido fez parte da base do governo Bolsonaro”, afirma.

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