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'Evangélicos' em fúria: jornalistas são hostilizados e perseguidos após evento religioso com Bolsonaro em SP

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Por POLÍTICA JB com Sputnik Brasil
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Publicado em 05/10/2022 às 08:58

O presidente Jair Bolsonaro discursa na Assembleia de Deus, em São Paulo divulgação

Solon Neto - Nessa terça-feira (4), após a Reunião de Obreiros e Pastores na Assembleia de Deus Madureira, realizada na capital paulista, um grupo de jornalistas foi perseguido e hostilizado por dezenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que discursou no evento para pedir votos. 

Após sua participação no culto no templo localizado no bairro do Brás, na capital paulista, Bolsonaro deixou o local em um comboio escoltado sem falar com a imprensa — que aguardava a saída do presidente no acesso ao estacionamento do templo, localizado na rua Coimbra.

A perseguição aos jornalistas começou após a saída da comitiva do presidente do estacionamento no subsolo. Imediatamente após a partida do chefe do Executivo, centenas de fiéis, ao lado de apoiadores de Bolsonaro, deixaram o templo por um acesso lateral do estacionamento. Um grupo menor de apoiadores e curiosos já esperava a saída do presidente na rua.

Após deixarem o templo, um grupo de dezenas de apoiadores cercou a imprensa ao avistar os profissionais e passou a hostilizá-los com gritos e xingamentos. O grupo cercou uma equipe da Rede Globo, que precisou se abrigar em um estacionamento a cerca de duas quadras do templo, na esquina entre as ruas Coimbra e Feliciano Pinto. No percurso, os jornalistas foram perseguidos e houve correria. O principal alvo era uma repórter mulher. A reportagem da Sputnik Brasil e um fotógrafo também foram hostilizados. Ninguém foi ferido.

A polícia tinha forte presença no evento, mas não agiu para conter o tumulto. Em um dos momentos de maior tensão, na esquina da rua Coimbra com a rua Celso Garcia, uma viatura da Polícia Militar deixou o local.

Os jornalistas foram amparados por um pequeno grupo de pessoas ligadas à igreja Assembleia de Deus, que auxiliou na proteção dos profissionais durante o trajeto até o estacionamento enquanto os apoiadores os perseguiam. Uma das fiéis que ajudou a proteger os jornalistas se mostrou indignada com a situação e afirmou aos profissionais que aquilo "não representava os cristãos" da igreja.

 

Bolsonaro busca apoio evangélico

Nessa terça-feira (4), Bolsonaro esteve em dois eventos evangélicos na capital paulista. O primeiro foi a Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no estado de São Paulo, realizado no bairro paulistano do Belenzinho durante a tarde. Já no início da noite, Bolsonaro discursou para milhares de fiéis na Assembleia de Deus Madureira, no Brás, em São Paulo, antes da confusão promovida por apoiadores de seu governo. Durante o evento, Bolsonaro teceu críticas ao seu adversário no segundo turno das eleições para a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pediu votos aos presentes.

Os encontros ocorreram no mesmo dia em que um vídeo antigo em que Bolsonaro discursa em um evento maçônico viralizou na Internet e gerou polêmica entre apoiadores da campanha do presidente à reeleição.

No domingo (2), Bolsonaro conseguiu cerca de 51 milhões de votos no primeiro turno das eleições, o equivalente a 43,2% da votação. O primeiro colocado do pleito foi o ex-presidente Lula, com 48,3% — cerca de 57 milhões de votos. Os dois candidatos se enfrentam no segundo turno. A votação está marcada para o dia 30 de outubro.

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