POLÍTICA

TSE determina remoção de vídeos mentirosos de Damares que associam governo Lula ao incentivo do uso de crack

Tribunal concluiu que vídeos divulgam um conteúdo "sabidamente inverídico", que "acaba por gerar desinformação

Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 18/08/2022 às 13:04

Damares Alves Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou nesta quinta-feira (18) a remoção de quatro vídeos publicados pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos-DF) que associavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao uso de verbas públicas para disseminar o uso de crack e promover a erotização de crianças.

A decisão atende a um pedido protocolado pelo PT nesta semana. Segundo noticiado pela Veja, na decisão proferida nesta quinta-feira (18), o ministro Raul Araújo afirma que "é plausível a tese da representante [PT] de que o vídeo editado divulga fato sabidamente inverídico em que o conteúdo da publicação acaba por gerar desinformação".

Damares, que é candidata ao Senado nestas eleições, divulgou os vídeos na semana passada no Facebook, YouTube e Instagram, gerando pelo menos 2 mil compartilhamentos. Nas publicações, a ministra cita uma cartilha publicada pelo Ministério da Saúde em 2008, durante a gestão de Lula.

Nos vídeos, Damares deturpa o conteúdo da cartilha, intitulada "Álcool e outras drogas alteram seus sentidos, mas nada altera seus direitos no serviço de saúde". O documento, divulgado na íntegra pela agência de checagem Aos Fatos, foi elaborado pelo Programa Nacional de DST-AIDS e tinha como base a política de redução de danos. O conteúdo era destinado à população adulta, não às crianças, como afirmou a ex-ministra.

A cartilha informa que o serviço de saúde é um direito de todos e orienta dependentes a buscarem auxílio.

"Procure o serviço de saúde, você só vai ganhar com isso. Nenhum serviço de saúde pode recusar acolhimento à pessoa que estiver sob efeito de drogas ou álcool. É importante para sua saúde que você fale com o profissional sobre o uso de álcool e outras drogas. Ele vai manter em sigilo. Se você usa drogas e não quer ou não consegue parar, o profissional de saúde não deve te julgar", diz a cartilha.

O documento também informa medidas que podem ser tomadas pelos dependentes para reduzir contaminações, como evitar compartilhar cachimbos para o uso de crack e canudos para aspirar cocaína. O material orienta ainda o uso de preservativo nas relações sexuais e ensina como colocá-lo de maneira correta.

A cartilha vai ao encontro de políticas de redução de danos adotadas na Europa e nos Estados Unidos, que têm como objetivo reduzir o estigma em torno de usuários de drogas, facilitando o acesso aos dependentes, e conter doenças e infecções causadas pelo compartilhamento de utensílios usados para o consumo de drogas. (com Sputnik Brasil)

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