POLÍTICA

Bolsonaro insiste em Braga Netto para vice e abre nova crise no Centrão

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Por POLÍTICA JB com Agência Estado
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Publicado em 23/06/2022 às 07:54

Alterado em 23/06/2022 às 07:54

Braga Neto Pedro Ladeira/Folhapress

Eduardo Gayer - Mesmo com o governo acuado pela crise dos combustíveis e, agora, pela prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro decidiu abrir uma crise no Centrão e resistir à indicação da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS) como candidata a vice na chapa da reeleição. A aliados, o chefe do Executivo tem afirmado que vai dobrar a aposta no ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto (PL) como seu escolhido para o posto. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já não esconde nos bastidores sua irritação com a intransigência de Bolsonaro.

O Broadcast Político conversou com dois integrantes da campanha à reeleição e com quatro parlamentares do PL do círculo íntimo de Bolsonaro. Todos confirmam as declarações do presidente sobre sua preferência, mesmo após o mais recente ataque especulativo do Centrão sobre Braga Netto, e relatam insatisfação com a postura do presidente. “Ele é cabeça-dura e não escuta quem entende de política. A gente precisa da Tereza. Às vezes, parece que o PR quer perder a eleição”, disse uma fonte à reportagem nos corredores do Congresso Nacional. “PR”, referência a Presidente da República, é como Bolsonaro é chamado por aliados.

De acordo com o entorno de Bolsonaro, ele sequer chegou a procurar Tereza Cristina até o momento para negociar a vice-presidência, o que teria deixado a ex-ministra com sentimento de desprestígio. A interlocutores, ela afirma que não precisa ser vice; ao contrário, tem uma eleição muito mais fácil no Mato Grosso do Sul, Estado por onde é pré-candidata a senadora. Por outro lado, a deputada federal já chegou a almoçar com Valdemar Costa Neto no dia 15 de junho, como informou a reportagem.

A preferência de Bolsonaro por Braga Netto é antiga e envolve seu temor de sofrer impeachment em um eventual segundo mandato com um nome ungido pelo Centrão, grupo com o qual se aliou para ter governabilidade. O Broadcast Político informou ainda em fevereiro que o grupo fisiológico quer emplacar Tereza Cristina para ampliar a aderência de Bolsonaro no eleitorado feminino, segmento em que tem grande rejeição.

O Centrão, porém, ainda não desistiu de emplacar a ex-ministra e pode sair vitorioso, avaliam parlamentares, que citam a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto. Em entrevista a um canal no YouTube em 15 de junho, Bolsonaro afirmou que tanto Tereza Cristina quanto Braga Netto são “cotadíssimos” para assumir a vice em sua chapa eleitoral.

Tereza Cristina foi procurada pela reportagem para comentar a resistência de Bolsonaro a seu nome, mas não retornou aos contatos. 

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