POLÍTICA
Guedes critica excessos do Fies e diz que filho de porteiro foi aprovado com nota zero; redes sociais não perdoam
Por Jornal do Brasil
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Publicado em 30/04/2021 às 07:58
Alterado em 30/04/2021 às 09:05
Paulo Guedes Mathilde Missioneiro/Folhapress
O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nessa quinta-feira (29) em entrevista à Folha de S. Paulo que o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e outros programas de cunho social criados na era petista fazem parte de um belíssimo trabalho, e que suas críticas são voltadas ao que chamou de excesso das medidas.
Ele buscou esclarecer suas falas sobre o tema nesta semana dizendo que elas foram distorcidas. Guedes diz que não poderia ser contrário a iniciativas de parcerias com o setor privado na educação porque é um produto desse tipo de política.
“Eu sou um produto da oportunidade de educação. Eu sou de classe média e baixa e a vida inteira recebi bolsa de estudo baseado em performance e desempenho”, afirmou.
Segundo Guedes, houve universidades que viraram caça-níqueis ao atrair o máximo possível de alunos na esteira dos recursos liberados pelo programa estudantil. E citou o caso do filho de um porteiro.
“Houve excessos no Fies. É verídico. O porteiro do meu prédio um dia me falou 'doutor Paulo, meu filho fez vestibular para uma faculdade privada, e olha a carta que recebi’. A carta dizia ‘parabéns, o senhor foi aprovado com média...’ e tinha um espaço. Era uma carta padronizada. E no espaço a média zero. Então claramente houve excessos”, disse.
O ministro buscou esclarecer declarações feitas por ele em reunião no começo desta semana, transmitidas pela internet sem que ele soubesse em um vídeo posteriormente deletado pelo governo. As falas sobre o Fies foram relatadas pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta.
Guedes disse na reunião que algumas universidades abriram vagas para todo mundo. “Deram bolsa para quem não tinha a menor capacidade. Não sabia ler, escrever. Botaram todo mundo. Exageraram. Foi de um extremo ao outro”, afirmou o ministro na reunião.
Em entrevista, Guedes disse não ser contrário ao conceito do Fies, apesar de manter críticas. Segundo ele, são justamente as parcerias do poder público com o setor privado que vão dar alívio para a demanda social existente no Brasil.
Hoje, diz, 76% dos alunos de ensino superior estão no sistema privado e atender tamanha demanda via poder público seria muito difícil.
“Não falei que [o Fies] foi um desastre. Eu defendo o voucher para a educação, que é mais importante do que emprestar dinheiro”, afirmou.
“Isso é um drama hoje no mundo inteiro, você empresta dinheiro e ali na frente ele não consegue o dinheiro e não consegue pagar. Eu defendo o empréstimo, mas defendo ainda mais ainda o voucher”, afirmou.
“Eu disse que houve excessos e esses excessos é que causam o desastre”, disse. “Como eles deram R$ 10 bilhões, R$ 15 bilhões, R$ 20 bilhões com esses excessos, ficou insustentável. E de repente cai. Em vez de você fazer algo sustentável, você comete o excesso e depois há um colapso total”, afirmou.
Para Guedes, o mesmo movimento aconteceu com outros programas criados no passado. “Isso aconteceu com quase tudo no passado, fizeram esses gastos tão grandes e depois caiu tudo. E nós estamos chegando agora e temos que arrumar, consertar as contas”, disse.
Guedes diz ainda que tem uma história baseada em investimentos na educação privada. “Eu criei o Ibmec, eu fundei a Abril Educação quando foi comprada pela Kroton, eu tenho uma história de realizações. E daí falam que eu não quero educação. Eu tenho uma vida na educação”, disse.
O ministro mencionou outros trechos da reunião, como uma fala sobre pessoas que queriam viver mais de cem anos e buscariam o sistema público de saúde.
Segundo ele, não foi uma crítica. Mas uma constatação sobre como lidar com recursos públicos e pensar em alternativas.(com Folhapress)
No Brasil até liberal safado vira ministro, diz filho de porteiro pic.twitter.com/m3jaGhoISI
— Sensacionalista (@sensacionalista) April 29, 2021
Guedes reclamou que empregada doméstica viajou demais nos governos Lula, reclamou que o povo quer viver mais, e, agora, reclama que filho de porteiro pôde fazer universidade. E há quem diga que existe uma tal "ala técnica" no governo.
— Natália Bonavides (@natbonavides) April 29, 2021
Só tem a "ala" canalha mesmo!
Deu bolsa 'até para o filho do porteiro'.
— Rita Lisauskas (@RitaLisauskas) April 29, 2021
SEMPRE FOI ÓDIO DE CLASSE, semprehttps://t.co/sKiI4j3bYv
O filho do porteiro fazendo faculdade incomoda mais que a filha "solteira" do militar, recebendo pensão.
— Cidadão de mal ? (@CleitoMoura) April 29, 2021
Um amigão meu de faculdade era filho de porteiro. Formatura foi emocionante, primeiro da família com diploma, veio frota de taxi do Nordeste com parente para assistir. Passou em primeiro pro Mestrado.
— Celso Rocha de Barros (@NPTO) April 29, 2021
"Fies bancou universidade até para filho de porteiro."
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) April 29, 2021
Paulo Guedes, o retrato neoliberal e racista desse governo.
Esses ricos xucros não suportam ver filho de porteiro na faculdade. pic.twitter.com/EgbP9Xr0Yg
— JornalismoWando (@JornalismoWando) April 29, 2021
Nojo! A postura de Paulo Guedes é tão asquerosa que parece uma caricatura de mau gosto do 'neoliberalismo'. Pra ele filho de porteiro não pode entrar na universidade, empregada doméstica não pode ir pra Disney e servidor público bom é aquele sem direito algum.
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) April 29, 2021
Guedes nem tenta disfarçar seu ódio pelos pobres. A vergonha de hoje foi o ataque ao Fies. Ele disse que "até filho de porteiro que zerou o vestibular ganhou bolsa". Para o antiministro da Economia, pobre não deve viver mais de 100 anos e nem ter acesso ao ensino superior.
— Chico Alencar (@chico_psol) April 29, 2021
"Guedes diz que Fies bancou universidade até para filho de porteiro que zerou o vestibular".
— Daniel A. Dourado (@dadourado) April 29, 2021
O cara é parece uma caricatura. Ou é a elite brasileira que é caricata mesmo.
Preconceituosa, a fala de Guedes de que o Fies bancou universidade até para 'filho de porteiro' expõe uma visão de governo que reforça desigualdades, em vez de superá-las. O gov. Bolsonaro faz o Brasil andar na contramão do mundo, que busca igualdade de oportunidades para todos.
— Alessandro Molon ???????? (@alessandromolon) April 29, 2021
Paulo Guedes: "Fies bancou universidade até para filho de porteiro." É isso que um governo de verdade deve fazer investir e valorizar a educação do país para que todas as pessoas tenham igualdade de direitos e oportunidades sejam elas filhas do porteiro ou do doutor.
— Carlos Zarattini (@CarlosZarattini) April 30, 2021
um governo que acha isso tudo ruim. que atua para impedir que esses desejos sejam realizados, governa contra o povo. onde já se viu filho de porteiro na universidade?
— Tatiana Vasconcellos (@tavasconcellos) April 29, 2021
elitistas, cafonas, cruéis e incompetentes. https://t.co/V3a7Sco8t4
Ódio de classe exalado por Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, não tem paralelo. Antes criticava a trabalhadora doméstica por viajar de avião, agora crítica o filho do porteiro que chegou a universidade. Um governo só para ricos é o que defende o ideólogo vassalo.
— Marcio Pochmann (@MarcioPochmann) April 29, 2021