ARTIGOS

Tiradentes, JK e Brasília

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Por MAURO MAGALHÃES

Publicado em 21/04/2022 às 10:45

Alterado em 21/04/2022 às 10:45

Depois da formação da Frente Ampla contra o governo militar, em 1967, tornei-me amigo de Juscelino Kubitschek (1902-1976), o grande criador de Brasília, cidade que se tornou a capital do Brasil, a partir de 21 de abril de 1960, quando foi inaugurada.

Minha amizade com Juscelino, de quem eu divergia antes da Frente Ampla, quando era da UDN e seguidor de Carlos Lacerda, foi interrompida pela morte do ex-presidente da República, em 22 de agosto, no trágico desastre, na Via Dutra. Carreguei o caixão de Juscelino, do velório, na sede da antiga revista “Manchete”, de Adolfo Bloch, na Praia do Russel, Rio de Janeiro, até o aeroporto Santos Dumont, no avião que levou o corpo para ser velado e enterrado em Brasília. No Distrito Federal, também carreguei o caixão (eu e outros amigos de Juscelino viajamos em outro avião para o funeral em Brasília) de JK, no emocionante cortejo fúnebre até a Catedral.

Impossível não lembrar de Juscelino Kubitschek no Dia de Tiradentes e na data da inauguração de Brasília.

A necessidade de interiorizar a capital do país teria sido sugerida, pela primeira vez, pelo Marquês de Pombal, em meados do século XVIII. A ideia foi retomada pelos inconfidentes e reforçada após chegada da corte portuguesa, em 1808.

A primeira menção ao nome Brasília, para a capital que só foi inaugurada por JK, em 21 de abril de 1960, apareceu em um folheto anônimo, em 1822.

A primeira Constituição da República, de 1891, fixou legalmente a região onde deveria ser instalada a futura capital.

Getúlio Vargas também se debruçou, duas vezes, sobre a ideia. Em 1940, quando lançou a Marcha para o Oeste, e, em 1953, quando criou a Comissão de Localização, presidida pelo general José Pessoa.

Mas foi somente em 1956, com a eleição de Juscelino, que teve início a construção da cidade, com plano urbanístico de Lucio Costa, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e projetos estruturais do engenheiro Joaquim Cardozo.

Aprendi muito sobre Brasília com Juscelino Kubitschek, que, em 1975, fez um novo lançamento de seu livro sobre como construiu a capital federal, na sede da editora Bloch (ganhei um livro dele, autografado).

Planejada para receber 500 mil habitantes, a capital federal tem, hoje, milhões de moradores e visitantes. Pelas projeções do IBGE, já são mais de 3 milhões de habitantes, números que a colocam como a terceira maior cidade do país, superando Salvador e Belo Horizonte e ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro.

A construção de Brasília teve um impacto importante na integração do Centro-Oeste à vida econômica e social do Brasil.

Brasília criada por Juscelino consolidou, apesar de todos os problemas, sua posição como capital e centro de uma nação.

Em 1987, por sugestão de inúmeros amigos pioneiros e ligados a Juscelino Kubitschek e sua família, entre eles o ex-governador de Brasília e ex-ministro da Cultura, José Aparecido de Oliveira, Brasília foi consagrada como Patrimônio da Humanidade.

A data da inauguração de Brasília não aconteceu por acaso, no Dia de Tiradentes.

Mineiro de Diamantina, Juscelino cresceu com o aprendizado sobre o símbolo de Tiradentes, na luta pelos valores da soberania nacional.

Impossível não lembrar de Juscelino no Dia 21 de abril.

*Ex-deputado e empresário.