ARTIGOS

Manhas e artimanhas do amanhã

.

Por ADHEMAR BAHADIAN
[email protected]

Publicado em 05/12/2021 às 10:06

Alterado em 05/12/2021 às 10:06

"Já não dá mais para viver um sentimento sem sentido”

("Num dia de domingo” Tim Maia)

 

Erro trágico entrar nesta rinha atapetada de escorpiões. Ainda há tempo para desnudar a carnificina que aqui se joga. Jogo pesado em que os cordões dos marionetes se manipulam trás-os-montes.

Ocaso do neoliberalismo de Reagan, de Thatcher? Um renascimento? Um suicídio no planejamento ardiloso dos totalitarismos de hitlers e mussolinis maquiados para o horário nobre da mentira, da verdade descosida, das religiões sem deuses, além dos pecados capitais?

Somos hoje uma sociedade sequestrada. Dividida entre ódios transplantados para nos aniquilar primeiro como homens, depois como brasileiros.

Instilam-se a cada dia os gases entorpecentes das mentiras transformadas em cânticos de guerra a nos convidar a nos armarmos porque o inimigo nos ronda. A par da pandemia, nos cercam cepas daninhas da ignorância a serviço da cupidez.

Nosso Brasil não cresce, se apequena, se esvai. O delirante nos convida à fabula da decolagem, da descolagem. Entra noite sai dia aumentam ratos a disputar com homens a quietude turbulenta das noites urbanas do Brasil, onde a morte espreita com o sorriso do vampiro.

Somos uma sociedade à beira de um ataque de nervos. Loucos de todos os gêneros e matizes anunciam dias de ira e aos poucos os mais protegidos de nossos tesouros são arrombados em nome da mais vil e opaca politicagem gatuna. Rachadinhas, rachaduras, orçamento secretos, emendas inenarráveis de relatórios irrealizáveis. Casa da Mãe Joana. Mateus primeiro os teus.

E o risco, o grande risco, é cairmos neste melodrama de gatunos fantasiados de honrados concidadãos. Na tentativa de tanta astúcia, transborda à luz do dia as artimanhas desta gente comprometida com o derrotismo. E estávamos quase caindo neste naufrágio. Não mais.

Caros patrícios e abutres em geral. O jogo se desvenda a cada hora a cada minuto e, como o retrato de Dorian Gray, a máscara de suas horrendas faces se derretem à luz do sol. São mentiras demais. Trapaças demais. Vocês se tornaram os primatas da mafia internacional e por ela - quem diria - serão expelidos. Incompetentes, brutamontes, pascácios, ignorantes trombadinhas do erário público.

Aconselho sair de mansinho, enquanto dá. Peguem o boné. Pé ante pé sigam a estrada e não olhem para trás, como a mulher de Lot.

Não temos medo de nada. Muito vocês nos tiraram. Menos a honra incrustada na pele. Vocês são o pior que nos poderia acontecer. Vendidos. Vendilhões. Gente de alma mais colonizada que o próprio colonizador, vocês querem um Brasil sempre acovardado, minúsculo, corroído pelas pestes. Vocês foram os agentes da Peste e até hoje a ela se curvam. Por que não se pode exigir passaporte de vacina nos aeroportos brasileiros? Loucos.

Já é obvio o cenário de 2022. Depois da mais que certa derrota nas urnas, tu Brutus ou tu Beócio, como a égua trumpista, dirá que a traição vem do Centrão. Certo, mas fútil, porque também o Centrão conhecerá o peso da derrota eleitoral. O golpismo de fechar o Congresso para fazer de ti, Beócio, o Incitatus de turno será repudiado pela Pátria e pela Família. E não me fales de Deus, porque Deus nunca te conheceu, estúpido.

Não aconselho contar com os castrenses porque desses cuidará a estratégia da contabilidade de canhões e mosqueteiros, como sempre. E desta vez, que azar, o velho Tio conheceu também os riscos do autoritarismo e estará vigilante.

Nesta quinta-feira inicia-se a Cúpula da Democracia, proposta e convocada pelos Estados Unidos da América. Estão convidados todos os países, à exceção de Rússia e China. E não convidados os suspeitos de sempre, dentre eles a Venezuela. Cuba. Turquia. Hungria.

Os Estados Unidos de Biden reage aos Estados Unidos de Trump e de Steve Bannon, arquiteto do caos internacional, idealizador de uma associação de países de extrema direita. O governo brasileiro achou interessante participar do projeto trumpista. Sem dar a menor bola para os interesses da cidadania brasileira e sem atentar para os preceitos constitucionais inscritos em nossa Carta de 1988.

Afinal, quem pediu que se examinasse um sistema co-presidencial? Quem lhes deu o direito de passar por cima do “referendum” popular? É lícito contratar uma empresa estrangeira de “fake news” para atuar na campanha de reeleição? Cartas para a Redação.

Claro, a Cúpula da Democracia tem o óbvio componente geopolítico de procurar isolar a China no mundo contemporâneo. Logo a China, nosso primeiro parceiro comercial. Sobre isso conversaremos outro domingo.

Temos um país a reconstruir. Nossos filhos precisam de escola, pão, paz e muita LUZ. 2022 será o ano de nossa libertação. Já não é sem tempo, depois de 200 anos do Grito do Ipiranga. O riacho. Não o ilustre comandante Ipiranga de hoje que vive dizendo que estamos a decolar. Chacota geral do sanatório municipal.

Enquanto isso, ouça o “num dia de domingo” com a Gal Costa e Tim Maia.

Nós precisamos nos falar. E muito.

*Embaixador aposentado

Tags: