ARTIGOS
A unidade do tempo
Por TARCISIO PADILHA JUNIOR
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Publicado em 21/07/2021 às 07:59
Alterado em 21/07/2021 às 07:59
A linguagem é uma
máquina do tempo.
Lévi-Strauss
Ao abrir um livro de história, o leitor espera entrar num mundo de acontecimentos que realmente ocorreram. Na ordem desses acontecimentos, a evolução dos costumes, das ideias, das práticas, dos sentimentos não se afigura improvável.
"Se é verdade que um excesso de conhecimentos históricos prejudica o ser vivo", alerta Nietzsche, "também é necessário entender que a vida precisa do serviço da história". Decerto é uma das questões centrais da vida em sociedade.
Pretende repor as decisões pontuais dos dirigentes e suas intervenções no âmbito de encadeamentos complexos. Nesses termos, se toda memória é inapelavelmente seletiva, ela precisa afirmar que todas as narrativas não se valem.
A história do presente constitui um observatório notável para medir as dificuldades que surgem entre interpretação e busca da verdade na história. Perguntas incômodas e persistentes, o retrato da CPI da pandemia, depois de onze semanas.
A unidade do tempo faz os acontecimentos lembrados, e faz esperar que o futuro seja orientado pela experiência. No discurso político em plena CPI, acontecimentos e situações presentes são frequentemente remetidos a casos históricos.
A política é a própria procura da excelência que obriga cada nova geração a se avaliar com o melhor das gerações precedentes.
Cada escolha será legítima se continuar compatível com outras escolhas, que só o estrito cumprimento da lei torna possíveis.
Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Editora Multifoco, 2019)