ARTIGOS

Cidades do RJ precisam voltar ao top 10

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Por GUSTAVO SCHMIDT

Publicado em 10/06/2021 às 17:22

Alterado em 10/06/2021 às 17:22

Niterói e Rio de Janeiro são os municípios fluminenses que mais pontuaram no Ranking Connected Smart Cities 2020, que aponta, anualmente, desde 2015, quais são as 100 cidades brasileiras mais Chics (Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis). Porém, o Estado tem apenas 5 entre as 100 do ranking nacional, e nenhuma entra as 10. As mais bem avaliadas do RJ ficaram em 11º (Niterói) e 12º (Rio) lugares. As demais são Resende (50º), Petrópolis (56º) e Macaé (57º).

Atendo-se à capital fluminense, houve uma melhora em relação a 2019, quando estava em 14º lugar. Mas, se avaliarmos a série histórica iniciada em 2015, vemos uma queda vertiginosa: no início, o Rio ocupava a 1ª posição. Desde então, a cidade caiu para 2º (2016), 3º (2017), 6º (2018) e despencou para 14º (2019). As duas posições recuperadas no ano passado ainda estão longe da situação de seis anos atrás.

O Rio de Janeiro, que já foi a cidade mais inteligente do Brasil, hoje sequer está no top 10. Voltando para 2020, o Ranking Geral teve a cidade de São Paulo na primeira colocação. Em segundo, ficou Florianópolis (SC), seguida por Curitiba (PR), Campinas (SP) e Vitória (ES). Na sexta colocação está São Caetano do Sul (SP). Depois, Santos (SP), Brasília (DF), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG).

Mas o que houve para a capital fluminense sofrer uma queda tão acentuada em tão pouco tempo, despencando do primeiro lugar do Brasil para a 12ª posição? Fica mais fácil descobrir quando listamos os fatores avaliados. O estudo é composto por 11 indicadores de setores fundamentais para o bom funcionamento de uma cidade: mobilidade, urbanismo, meio ambiente, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo, governança e energia. Praticamente tudo o que o Rio de Janeiro deixou de lado nos últimos anos, sem investimentos maciços e sem política pública atualizada, moderna.

Nosso “gol de honra” é o empreendedorismo, no qual a capital fluminense lidera. Um tema que, apesar de ser necessário haver incentivo público, ainda depende muito mais da garra de quem arregaça as mangas e vai à luta para tocar seu empreendimento, como fazem os mais de 1,3 milhão de microempreendedores individuais de nosso Estado.

Outro ponto importante é que mudaram os critérios de avaliação a partir de 2019, quando o ranking adotou conceitos internacionais baseados na ISO 37.122, conhecida como a Resolução das Cidades Inteligentes. Em outras palavras: aumentaram as exigências.

Muitos pensadores avaliam as Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis como uma forma inovadora de pensar os municípios, com uma nova estratégia para desenvolvê-los.

Em geral, para ser uma das Chics, é preciso mudar a visão de governantes e da sociedade. Especialistas apontam o caminho para ser mais:

Humana – O foco tem que ser o interesse das comunidades, com participação das pessoas. É preciso envolvê-las.

Inteligente – Investir em tecnologias para facilitar a resolução dos problemas, para conectar as pessoas e as empresas e para gerar renda.

Criativa – Incentivar as vocações, a cultura, utilizar as particularidades para gerar novos modos de vida e novos modelos de negócios.

Sustentável – Preservar o meio ambiente, recuperar áreas degradadas, atrair investimentos inovadores para gerar renda com a utilização dos recursos naturais sem esgotá-los.

Como se vê, a sustentabilidade é um tema importante para nosso Estado. E sempre é hora de falar sobre meio ambiente e sustentabilidade no Rio de Janeiro.

Gustavo Schmidt é deputado estadual/RJ. Presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente e vice-presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Alerj.