MPF suspeita que houve corrupção generalizada no governo Cabral

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Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) afirmaram nesta terça-feira (11) que o esquema de corrupção supostamente liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral havia se alastrado para todas as áreas do governo. Em uma entrevista coletiva à imprensa, os procuradores Eduardo El Hage e Rodrigo Timoteo detalharam desvios na área da saúde e adiantaram que até o fim do ano novas revelações serão feitas sobre corrupção em outras áreas.

"Isso não era setorizado no Rio de Janeiro. O governo Cabral roubou dos cofres públicos em todas as áreas, e até o final do ano vamos mostrar isso. Essa é mais uma perna de um esquema criminoso que se instalou", disse El Hage.

A Policia Federal e o MPF cumpriram nesta terça-feira três mandados de prisão preventiva contra suspeitos de integrar a quadrilha. Foram pedidas as prisões do ex-secretário Sérgio Côrtes, do empresário Miguel Iskin e do suspeito de ser seu operador no esquema, Gustavo Estellita. A PF deslocou 102 agentes para a operação, que inclui uma série de mandados de busca e três conduções coercitivas.

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Apesar de o esquema contar com técnicas sofisticadas de criptografia, segundo o MPF, muitas informações foram obtidas porque o operador de Cabral, Luiz Carlos Bezerra, mantinha um caderno manuscrito com detalhes de pagamentos de propina. Os procuradores contaram ainda que Bezerra costumava mandar e-mails para si mesmo com esses dados.

Tentativa de embaraço

O ex-secretário Sérgio Côrtes é suspeito também de tentar combinar depoimento com o investigado que prestou as informações em um acordo de colaboração premiada. Ele não teve seu nome revelado pelo MPF na coletiva.

Segundo os procuradores, Côrtes foi ao escritório do colaborador e ainda enviou um representante para oferecer o custeio da defesa do investigado. O colaborador gravou os encontros com câmeras em seu escritório e entregou os vídeos à operação.