Anão diplomático: "Israel tentou negar valor da chancelaria brasileira"

Especialista comenta irritação de Israel com a retirada de embaixador brasileiro de Tel Aviv

Por Cláudia Freitas

O especialista em Relações Internacionais e professor de História Severino Cabral comparou a decisão da chancelaria brasileira, que chamou de volta ao país para consultas o embaixador em Tel Aviv, Henrique Sardinha Filho, com 'uma voz mais estridente para trazer à consciência os envolvidos no conflito em Gaza'. Cabral avalia o papel da diplomacia brasileira como muito relevante para Israel, considerando que o atual Estado israelense foi consagrado com a participação decisiva de um brasileiro. Para o historiador, chamar o embaixador foi uma manifestação extrema, mas estratégica para alertar Israel do descontentamento do Brasil quanto às ações ofensivas na região. 

O Ministério de Relações Exteriores, ainda na análise de Cabral, pode ter levado em conta para tomar essa medida os longos anos de conflito e que eles podem se estender ainda por muito tempo até se chegar a um acordo de paz. O pesquisador enfoca o importante papel de mediador que o Brasil possui em relação a Israel e as proximidade históricas e culturais entre os países. A população árabe e de palestinos refugiados é numerosa no território brasileiro, o que provoca uma repercussão nacional bem maior nesse caso envolvendo as chancelarias israelense e brasileira. O que justifica o afinco do governo do Brasil junto à comunidade internacional para resolver essa guerra, que é onerosa para todos os povos. "A chancelaria brasileira precisou desse acento mais forte com relação a Gaza", analisou Cabral.

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O Brasil foi um dos 29 países que votou a favor de uma investigação da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, acompanhando a condenação do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que considera a situação na região muito grave.