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Para oposição, saída de Rossi dará força à CPI da Corrupção

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Após o anúncio da demissão do ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), parlamentares da oposição disseram acreditar no fortalecimento da instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar denúncias de irregularidades em ministérios do governo Dilma Rousseff. O requerimento de apoio à chamada CPI da Corrupção conta atualmente com 133 assinaturas, sendo 113 de deputados e 20 de senadores. Para ser viabilizada, ela precisa do apoio de 171 deputados e de 27 senadores.

"Teremos mais um foco de insatisfação no governo e isso pode contribuir para que a CPI se torne um fato", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR). Nesta quarta, a CPI tinha ganho adesão de deputados do PR. O partido anunciou a saída da base governista na terça-feira, após uma crise que culminou com a queda do ministro Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes.

"Distribuem nacos da administração e ministérios da República sem cobrar resultados, sem analisar a qualificação técnica, sem estabelecer metas de desempenho e de êxito para os investimentos e projetos de cada um desses ministérios. Isso explode no colo da presidente, que disse que está fazendo faxina, mas só será faxina completa e não de fachada se formos a fundo nas investigações", afirmou o líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (PSDB-SP).

A queda do ministro da Agricultura

Em decisão que surpreendeu a própria presidente Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), pediu demissão no dia 17 de agosto de 2011, após uma série de denúncias contra sua pasta e órgãos ligados a ela. Em sua nota de despedida, ele alegou que deixava o cargo a pedido da família e afirmou que todas as acusações são falsas, tendo objetivos políticos como a destituição da aliança de apoio à presidente e ao vice, Michel Temer.

A revista Veja publicou, no final de julho, denúncias do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto de que um consórcio entre o PMDB e o PTB controlaria o Ministério da Agricultura para arrecadar dinheiro. O denunciante é irmão do senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, e foi exonerado após denúncia da própria revista de que teria autorizado o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa "fantasma". Outra reportagem afirmou que um lobista, Júlio Froés, atuaria dentro da pasta preparando editais, analisaria processos de licitação e cuidaria dos interesses de empresas que concorriam a verbas. Segundo a revista, o homem teria ligações com Rossi e com o então secretário-executivo do ministério, Milton Ortolan. Ambos negaram envolvimento, mas Ortolan pediu demissão em 6 agosto. Em seu lugar foi escolhido o assessor especial do ministro José Gerardo Fontelles, que acabou assumindo o lugar do próprio Rossi interinamente.

No dia 16 de agosto, o Correio Braziliense publicou reportagem que afirmava que Rossi e um filho sempre são vistos embarcando em um jato da empresa Ourofino Agronegócios. Conforme a publicação, o faturamento da Ourofino cresceu 81% depois que a empresa foi incluída como fornecedora de vacinas para a campanha contra a febre aftosa. O ministro admitiu que pegou "carona" algumas vezes na aeronave, mas negou favorecimento à empresa e disse que o processo para a companhia produzir o medicamento teve início em 2006, antes de ir para o ministério. Contudo, a Comissão de Ética da Presidência anunciou que iria analisar a denúncia. Por fim, no dia em que Rossi decidiu pedir demissão, o ex-chefe da comissão de licitação da pasta Israel Leonardo Batista afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que Fróes lhe entregou um envelope com dinheiro depois da assinatura de contrato milionário da pasta com uma empresa que o lobista representava. A Polícia Federal instaurou um inquérito para tratar o caso.