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Não sei se vai ser 'Idelizinha paz e amor', diz nova ministra de Relações Institucionais

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A nova ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou nesta sexta-feira que usará "muito mais do que dois ouvidos" na articulação política do governo. "Eu já executei muitas tarefas e, para cada uma, você tem que atuar de acordo com as exigências. Eu vou usar muito mais que dois ouvidos. Vou usar os ouvidos, o coração, o bom senso, em busca de um bom resultado", disse em sua primeira entrevista após a oficialização de sua escolha para o cargo pela presidente Dilma Rousseff. "Não sei se vai ser 'Idelizinha paz e amor', mas que vai ser de ouvir muito, isso vai ser."

Ideli Salvatti tomará posse na próxima segunda-feira, quando o atual ministro, Luiz Sérgio, também será empossado no comando do Ministério da Pesca e Aquicultura, que estava até hoje sob responsabilidade de Ideli.

Uma nota divulgada pela Presidência da República hoje confirmou o convite da presidente para Ideli assumir a secretaria e anunciou as posses dos dois para a próxima segunda-feira.

Com a saída de Antonio Palocci da Casa Civil na terça-feira e a nomeação da senadora Gleisi Hoffmann para sucedê-lo, criou-se uma lacuna na articulação política, já que Gleisi terá uma gestão técnica à frente da Casa Civil. Iniciou-se, então, a articulação no governo para a substituição de Luiz Sérgio.

Com o ganho de poder no cargo de Luiz Sérgio, vários nomes da Câmara dos Deputados foram cogitados para assumir a articulação, entre eles o do líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), o do ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), e o do deputado Pepe Vargas (RS). O deputado peemedebista Mendes Ribeiro (RS) também foi lembrado. Vaccarezza chegou a ser dado como favorito, mas o nome de Ideli foi o escolhido pela presidente.

Quem é Ideli Salvatti

A paulistana Ideli Salvatti, 59 anos, casada e com dois filhos, é física formada pela Universidade Federal do Paraná, mas fez carreira política em Santa Catarina, onde ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) no Estado. Pela agremiação, se elegeu deputada estadual para duas legislaturas, e, em 2002, foi a primeira mulher eleita senadora por Santa Catarina. Ano passado, disputou o governo catarinense, mas não conseguiu chegar ao segundo turno. Ficou em terceiro lugar na eleição vencida pelo candidato do DEM, Raimundo Colombo.

No Congresso Nacional, construiu a imagem de "parlamentar aguerrida", que sempre defendeu os interesses do governo Lula, mesmo quando isso lhe causou problemas diante do eleitorado, como recorda um dos principais adversários políticos dela, o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).

Um exemplo foi o fato de Ideli ter assumido a Liderança do PT no Senado, em 2006, no auge da maior crise política do governo Lula, a partir da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que investigou a compra de votos de parlamentares da base aliada para garantir a aprovação de projetos de interesses do Executivo. Na CPI, a então senadora protagonizou embates duros com a oposição.

Em 2009, Ideli Salvatti mostrou mais uma vez sua fidelidade ao presidente Lula. Ela votou, no Conselho de Ética, pelo arquivamento das ações contra o senador José Sarney (PMDB-AP), aliado de primeira hora do ex-presidente nas duas campanhas presidenciais vencidas por Lula.

Na atividade legislativa, Ideli apresentou, entre 2001 e 2008, 21 projetos de lei e três propostas de emendas à Constituição. Em 2005, conseguiu aprovar o projeto de lei que garante às gestantes o direito de escolher um acompanhante para a hora do parto.

Em 2009, acumulou a Liderança do Governo no Congresso com a presidência da Comissão Mista de Mudanças Climáticas. Como líder do governo, foi responsável pela coordenação política nas votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Projeto de Lei de Orçamento da União para 2010. Neste sentido, ela articulou com a base governista para preservar os recursos destinados aos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)