A Frente Parlamentar pela Igualdade Racial vai analisar o conteúdo de discursos já proferidos pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para investigar possíveis manifestações racistas. Na sexta-feira (1º), Feliciano, também pastor evangélico, declarou no Twitter que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé".
Membro da Frente, o deputado Luiz Alberto (PT-SP) entende que os parlamentares poderão decidir por representar contra Feliciano na Câmara se constatarem que ele usou de seu posto para pregar ideias racistas.
Nesta quinta-feira (31), o pastor e deputado usou seu site para se defender. Ele citou trechos bíblicos e atribuiu as acusações de racismo ao "fogo cruzado" contra evangélicos. "Peço oração a todo o povo cristão brasileiro, os que lutam pela família, aos que amam o Senhor, e aos que me conhecem há tempos, e sabem que, como todo brasileiro, sou afrodescedente", concluiu.
"Extremismo"
As manifestações de Feliciano ocorrem ao mesmo tempo em que outro deputado, Jair Bolsonaro (PP-RJ), enfrenta representações na Câmara por racismo e homofobia. Uma delas é de autoria de Luiz Alberto. No programa CQC, Bolsonaro foi perguntado pela cantora Preta Gil se ele permitiria que seu filho namorasse uma negra. Respondeu: "Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados".
"Acho que isso (racismo) vem se exacerbando no Congresso", lamenta Luiz Alberto. Ele diz que temas como a delimitação de terras quilombolas ou a defesa da liberdade de culto das religiões africanas estimulam a reação da bancada evangélica. "Acho um absurdo que num Estado Laico os evangélicos tenham espaço no Congresso para fazer culto religioso e o mesmo direito seja negado às religiões africanas", critica. "Há um ambiente de extremismo".