SÃO PAULO - Reduzir os homicídios por armas de fogo na cidade de São Paulo. Este é o objetivo do Plano de Controle de Armas que o Instituto Sou da Paz lançou nesta quinta-feira na capital paulista. O plano contempla medidas técnicas de controle de armas e ações de sensibilização da sociedade. Segundo o instituto, a meta é reduzir ainda mais o número de homicídios em São Paulo, que entre 1999 e 2009 passou de 52.58 por 100 mil habitantes a 11.5 na capital, uma redução de 80%.
Segundo o plano, vários fatores explicam a queda do número de homicídios na cidade de São Paulo: investimento em inteligência policial, tecnologia e policiamento comunitário, investimentos em prevenção, mudanças na demografia e, sobretudo, um bem sucedido programa de controle de armas implementado pelas polícias e pela Guarda Civil Metropolitana.
O Plano de Controle de Armas começou a ser desenhado em julho, a partir da elaboração de um diagnóstico sobre o controle de armas na cidade. São parceiros na iniciativa diversas organizações da sociedade civil, as polícias Militar, Civil, Técnico-Científica e Federal, Secretaria Municipal de Segurança Urbana, Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania, Ministério da Justiça e outros órgãos governamentais.
Entre 2002 e 2009, saíram de circulação na cidade pelo menos 75 mil armas. O plano conta com o apoio do Gabinete de Gestão Integrada, grupo de trabalho sob a coordenação executiva do Secretário de Segurança Urbana de São Paulo, Edsom Ortega, onde atuam de maneira integrada os diferentes órgãos de segurança, secretarias e organizações públicas e ONGs, muitos deles integrantes do Plano.
Dados de violência alarmantes
Os dados da violência armada no Brasil são alarmantes. Em 2007, segundo o Ministério da Saúde, 94 pessoas foram mortas por dia no país vítimas das agressões por armas de fogo. São 34.147 vidas interrompidas. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Brasil é 25.2, mais que o dobro do "aceitável", de acordo com a Organização Mundial de Saúde - que é de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes.
As grandes cidades concentram o problema e as principais vítimas são homens, jovens, negros e moradores das periferias. A mais recente pesquisa sobre o IHA (Índice de Homicídios na Adolescência) realizada pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e divulgado em dezembro de 2010 pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Unicef e Observatório de Favelas estima que, se o ritmo da violência continuar como está, em torno de 33 mil jovens deverão morrer assassinados até 2013 - 1.502 deles só na cidade de São Paulo.
De acordo com o estudo, na cidade os meninos são 12 vezes mais vítimas de homicídios do que as meninas, e as armas de fogo são utilizadas em seis de cada sete casos de assassinatos de adolescentes.