Os advogados de defesa de Mizael Bispo de Souza e Evandro Bezerra Silva, acusados de matar a advogada Mércia Nakashima, entraram com recursos no Tribunal de Justiça de São Paulo contra o decreto que mandou os dois a júri popular e solicitaram a revogação da prisão preventiva dos réus. A desembargadora Angélica de Almeida, da 12ª Câmara Criminal, vai apreciar os recursos. Mizael e Evandro são considerados foragidos pela polícia.
Segundo o advogado Ivon Ribeiro, um dos defensores de Mizael, "há incompatibilidade do decreto de prisão com o encaminhamento do processo. Não há fatos novos e o tribunal havia definido que eles podiam responder ao processo em liberdade".
No início de agosto, a Justiça de Guarulhos decretou a prisão de Mizael. O Tribunal de Justiça de São Paulo, entretanto, concedeu habeas-corpus ao advogado dois dias depois. Ele não chegou a ser detido. Preso desde julho, o vigia Evandro também teve o decreto de prisão revogado na mesma data. Em outubro, o TJ-SP julgou o mérito do benefício e confirmou a liminar que havia sido concedida pela relatora do processo, desembargadora Angélica de Almeida.
No começo de dezembro, o Ministério Público (MP) havia apresentado à Justiça um novo pedido de prisão preventiva do ex-namorado da advogada e do vigilante. Junto ao pedido, o promotor de Justiça Rodrigo Merli Antunes apresentou as razões para que a Justiça mande os dois acusados a júri popular.
Mizael foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Evandro foi denunciado pelo MP por homicídio duplamente qualificado (emprego de meio insidioso ou cruel e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Ele foi denunciado como partícipe porque teria conhecimento das intenções homicidas de Mizael e teria aceitado colaborar com a prática do crime.
Entre os dias 18 de 21 de outubro, Mizael, Evandro e as testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas pelo juiz. Os advogados dos réus entraram com pedido para a transferência do local de julgamento, de Guarulhos para Nazaré Paulista, onde o corpo foi encontrado, mas a solicitação foi negada pela Justiça.
O caso
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio e foi encontrada morta no dia 11 de junho em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Ela teria sido assassinada pelo ex-namorado e policial aposentado, Mizael Bispo de Souza, que não aceitaria o fim do relacionamento. Rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocariam os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Eles negam as acusações.