Agência Brasil
BRASÍLIA - O ex-dirigente da Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho (Unitrabalho) Jorge Lorenzetti se negou nesta quarta-feira a assinar um documento autorizando a quebra de seus sigilos bancário e fiscal dos últimos cinco anos. O pedido foi feito pelo senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM) durante depoimento de Lorenzetti à CPI das ONGs.
- Não vou assinar o seu pedido porque ele já foi atendido pelo Coaf [Conselho de Controle das Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda], Polícia Federal e na CPI dos Sanguessugas. Todo o meu sigilo já foi quebrado e ninguém encontrou nada lá - disse.
Por quase quatro horas, Lorenzetti deu explicações sobre a aplicação de repasse de cerca de R$ 18 milhões do governo à Unitrabalho, desde 2003, e de outros R$ 35 milhões à Nova Amafrutas, uma reunião de cooperativas de agricultores da qual ele também foi dirigente.
O senador Arthur Virgílio justificou o pedido com o argumento de que Lorenzetti é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de dirigentes do PT, como José Dirceu [ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado], José Genoíno [ex-presidente do PT] e Delúbio Soares [ex-tesoureiro do PT] e que, desta maneira, há indícios de tráfico de influência sobre os repasses possivelmente irregulares .
Jorge Lorenzetti foi investigado pela CPI dos Sanguessugas [que investigou uso de emendas parlamentares para compra de ambulâncias em licitações fraudadas] e pela Polícia Federal, quando da apuração da origem dos recursos do PT que supostamente serviriam para pagar um dossiê contra políticos do PSDB, na última campanha presidencial.
Os senadores Sibá Machado (PT-AC) e Inácio Arruda (PCdoB-CE), relator da CPI, defenderam Lorenzetti quando Virgílio pediu a assinatura do documento.
- Ele não é acusado de nada, é testemunha. Qualquer assunto que for feridas do passado e que não foi resolvido não é objeto desta comissão. Fica o constrangimento ao depoente, que está aqui para esclarecer sobre a Unitrabalho e a Nova Amafrutas - afirmou Sibá Machado.
Os senadores da base aliada concordaram em pedir cópias dos documentos ao Coaf e à Polícia Federal, contendo a análise das quebras dos sigilos.