Agência Brasil
SÃO PAULO - A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira, em São Paulo, com a colaboração do FBI (polícia norte-americana), 11 brasileiros e quatro estrangeiros suspeitos de participar de uma organização criminosa que fraudava investidores estrangeiros do mercado financeiro. Além dessas 15 pessoas, também foram presos em Miami, nos Estados Unidos, outros dois brasileiros que possivelmente participavam do esquema.
Entre os quatro estrangeiros presos está o israelense Doron Mukamal, apontado pela PF como um dos líderes da organização, e que tinha passaporte canadense, além de um inglês, um neozelandês e um canadense. Dois outros chefes da organização continuam foragidos. Além das prisões, a PF apreendeu dezenas de computadores, 17 veículos, 17 armas e uma grande quantia em dinheiro: R$ 645 mil; US$ 106 mil; 4,5 mil em euros e 9,3 mil em dólares canadenses.
Segundo o delegado regional de combate ao crime organizado Mário Menin Jr, a Operação Pirita teve como finalidade desmontar um esquema formado por estelionatários que agiam a partir de uma base montada em São Paulo e que lesaram investidores (físicos e jurídicos) do mercado de ações de diversos países , principalmente na Inglaterra, Espanha, Austrália e nos Estados Unidos. A operação recebeu esse nome porque pirita é um mineral, com cor semelhante ao do ouro, também conhecido como ouro de tolo .
- Eles abriram um escritório em São Paulo e, através de páginas fraudulentas na internet, entraram em contato com investidores de diversos países. Ofereciam para esses investidores, que tinham ações de segunda linha e de baixo valor no mercado, um valor bem acima [do que valiam] - explicou o delegado. De acordo com ele, se esses investidores mostravam interesse na venda dessas ações, eles [os estelionatários] cobravam uma taxa e uma comissão, que tinha que ser paga antes.
- Depois desse pagamento eles desapareciam e não retornavam mais - disse o delegado, em entrevista coletiva dada na tarde desta segunda-feira na sede da superintendência da PF em São Paulo.
Esse dinheiro pago antecipadamente pelos investidores era depositado em bancos estrangeiros (no local onde esses investidores faziam investimentos) e voltavam ao Brasil por meio de doleiros. Um grupo estabelecido no Brasil era o responsável pela lavagem do dinheiro por meio da compra de imóveis.
De acordo com a delegada e coordenadora da investigação, Karina Murikami Souza, a organização teve acesso a uma lista com nomes e valores das ações de investidores estrangeiros, que tinham ações de baixo valor ou de empresas falidas e que, geralmente, não residiam nos Estados Unidos e não tinham muito conhecimento sobre o funcionamento do mercado norte-americano. Esses investidores eram contatados por operadores de telemarketing, com fluência em vários idiomas, que trabalhavam num escritório em São Paulo e se passavam por intermediadores para oferecer as condições de compra dessas ações.
Segundo ela, o prejuízo provocado pela organização criminosa é superior a US$ 50 milhões.
Os presos deverão responder pelos crimes de estelionato, evasão de divisas e operação de instituição financeira sem autorização, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. As penas, somadas, podem chegar a 33 anos de prisão.