ASSINE
search button

Renan peca 7 vezes e desce ao inferno

Compartilhar

Fernando Exman, Agência JB

BRASÍLIA -

BRASÍLIA.No dia 12 de setembro, Renan Calheiros (PMDB-AL) foi absolvido pela maioria dos 81 senadores da acusação de ter recebido a ajuda de um lobista para pagar a pensão de uma filha. Com o apoio da maioria dos colegas, poderia reunir as condições necessárias para permanecer na presidência do Senado e se salvar das outras quatro representações protocoladas no Conselho de Ética por suposta quebra de decoro parlamentar. Um mês depois, acuado, Renan teve que se licenciar por 45 dias. Agora, corre o risco de não voltar a ocupar o cargo mais importante do Legislativo, perder o mandato e os direitos políticos. Foi do céu ao inferno em 30 dias ao cometer sete pecados capitais.

Seu pecado original foi não ter deixado a presidência da Casa quando absolvido. Parlamentares da bancada governista acreditavam que ele se afastaria do cargo naqula ocasião. O gesto baixaria a temperatura da crise, pacificando o Senado.

O Renan tinha que ter compreendido que ele é a crise comenta Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores que pediram a cassação do presidente do Senado no primeiro processo.

O erro dele foi ter acreditado que teria condições de ir, com energia, para o enfrentamento contra as outras representações.

Na sexta-feira, Renan anunciou uma licença da presidência por 45 dias. Nada que agora garanta sua salvação. Para o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o afastamento não é mais suficiente.

Renan não tem mais condições de comandar o Senado.

A saída de Renan do posto por 45 dias não barra o andamento dos processos em tramitação no Conselho de Ética. Pelo contrário: tranqüiliza e dá melhores condições para que eles prossigam.

Do primeiro pecado surgiram os demais. Como presidente do Senado, Renan usou a máquina da instituição para atrapalhar a tramitação dos processos que enfrenta. Segundo funcionários da Casa, fez com que as representações contivessem erros processuais para poder contestá-las depois. Renan também influenciou o andamento das representações no Conselho de Ética. Por sua exigência, o presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), demorou a indicar relatores para as representações protocoladas.

O presidente do Senado licenciado também errou ao tentar enfraquecer críticos e adversários. Foi citado como um dos mentores da manobra executada e depois abortada pelo líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (PMDB-RO) para retirar os peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) da Comissão de Constituição e Justiça: os dois defendiam o afastamento do correligionário da presidência da Casa.

Renan também foi acusado de montar suposto esquema de espionagem para ameaçar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). O assessor de Renan e ex-senador Francisco Escórcio foi apontado como o operador da tentativa de arapongagem. Dias depois, o presidente do Senado foi denunciado por ter pedido para a assessoria técnica do Senado verificar se algum senador havia usado a verba indenizatória de forma irregular. A estratégia tinha como objetivo constranger desafetos. Muitos senadores passaram a se sentir ameaçados. Renan perdeu o apoio do PT.

Cometidos tantos pecados, restava o derradeiro: na sessão de terça-feira, ao ouvir novos apelos pelo seu afastamento, Renan discutiu com Aloizio Mercadante (PT-SP) e Demóstenes Torres. Até a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), antes fiel a Renan, pediu sua saída.

O erro grave do Renan foi confiar no PT ironiza o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), para quem o governo descartou o aliado para aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras.