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CUIABÁ - A Polícia Federal lançou nesta quarta-feira uma operação para prender empresários do setor madeireiro, líderes indígenas e funcionários públicos em quatro Estados brasileiros, acusados de extração ilegal e venda de madeiras de terras indígenas do Parque Nacional do Xingu.
A chamada Operação Mapinguari, realizada em Mato Grosso, Goiás, Paraná e Santa Catarina, cumpre 57 mandados de busca e apreensão e 47 mandados de prisões.
A polícia informou que foram extraídos, ilegalmente, cerca de 40 mil metros cúbicos de madeira do interior do parque nos últimos anos, sem especificar há quanto tempo, uma quantia que equivale a 2 mil caminhões carregados.
Até o fim da manhã, 15 pessoas detidas foram levadas a Sinop (500 quilômetros ao norte de Cuiabá), entre eles havia 'funcionários públicos do Ibama, proprietários de fazendas em áreas indígenas, madeireiros, transportadores e até três lideranças indígenas da etnia trumai, que estavam negociando madeira', informou a assessoria da PF. Havia ainda três mandados a cumprir de funcionários da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
Segundo a PF, servidores públicos de órgãos ambientais estariam emitindo autorizações sobre áreas já desmatadas para poder legalizar a madeira retirada do parque.
A assessoria de imprensa do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Sinop informou que 'planos de manejo serviam para esquentar a madeira recebida pelos fraudadores'. Durante a investigação, equipes do Ibama visitaram pátios de madeireiras que recebiam a madeira ilegal.
Em Mato Grosso, a operação é realizada nos municípios amazônicos de Sinop, Vera, Sorriso, Feliz Natal, em Canarana (divisa com Goiás), Chapada dos Guimarães e Cuiabá.
Há dez meses a PF investiga pessoas e empresas ligadas ao esquema em terras indígenas. O Parque Nacional do Xingu tem 28 mil quilômetros quadrados e nele vivem aproximadamente 4 mil índios de 14 etnias.
Em nota, a direção do Ibama em Sinop informou que 'mais de 15 empresas envolvidas tiveram seu fechamento decretado e foram lacradas'.
Segundo o Ibama, a operação teve coordenação e planejamento do órgão, e apoio do Ministério Público Federal com a participação de 37 servidores, duas aeronaves para monitoramento e 60 policiais federais.