EFE
WASHINGTON - O governador de Minas Gerais e líder tucano, Aécio Neves, disse nesta terça-feira que apoiará as reformas "estruturais' que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva empreender. Os dois conversarão sobre essa plataforma em reunião que terão em breve.
- Eu falarei sobre essas reformas e as ajudarei a avançar - disse Aécio Neves em Washington, para onde viajou para negociar empréstimos para seu estado com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Aécio e o governador eleito de São Paulo, o também tucano José Serra, se reunirão em dezembro com Lula.
- Deve-se aceitar um convite que vem do presidente da república - disse o mineiro, em relação ao encontro, em entrevista coletiva na embaixada do Brasil em Washington.
O governador reeleito mencionou particularmente a reforma tributária 'para acabar com a guerra fiscal entre os estados' como uma das medidas necessárias.
A reforma passa, segundo sua opinião, pela harmonização do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Aécio também disse apoiar a criação de um fundo de desenvolvimento para as regiões menos desenvolvidas do país e reivindicou a transferência da gestão das estradas federais ao controle dos estados.
Ele prometeu que seu partido fará uma oposição diferente da que o PT fez ao Governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo Aécio, o partido de Lula se opunha a todas as propostas da gestão de FHC.
No entanto, o governador também fez críticas a seu próprio partido.
- O PSDB deve se reciclar. Eu falo da construção de um novo PSDB, mais democrático em suas decisões, mais nacional na distribuição de suas forças e mais próximo das pessoas - disse.
Aécio informou que Fernando Henrique Cardoso coordenará esse processo de renovação do partido.
Após a derrota nas eleições, algumas vozes dentro do PSDB sugeriram a fundação de um novo partido mais à esquerda, mas Aécio rejeitou a idéia.
- Eu não vejo espaço no Brasil de hoje para a construção de um novo partido - afirmou.
O mineiro foi a Washington junto com o governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB.
Durante a visita, Cabral propôs a funcionários do BID o financiamento de projetos de transporte, saneamento, urbanização de favelas e de extensão de cabos de fibra óptica para a transmissão de dados digitais, embora não tenha sido firmado nenhum acordo concreto.
Cabral também tratou de um assunto mais imediato: o convite que fez ao carioca Joaquim Levy para ocupar a Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro.
Levy, ex-secretário do Tesouro Nacional, é desde abril, vice-presidente de finanças e administração do BID.
Cabral afirmou que os dois conversaram na segunda-feira durante uma hora sobre o assunto.]
- Não posso anunciar nenhuma decisão final - disse Cabral. - A decisão é dele - acrescentou.
Aécio, por sua vez, assinou hoje um acordo com o BID para o financiamento de um projeto para ampliar o acesso à telefonia celular em Minas Gerais. O estado aportará US$ 150 milhões e o Banco fará um empréstimo no mesmo valor.
Além disso, amanhã, o governador mineiro tratará com funcionários do Banco Mundial da liberação de outro crédito, de US$ 70 milhões, que o Governo de Minas Gerais, em vez de pagar com dinheiro, quitará com o cumprimento de metas, como a melhora da segurança e a diminuição da pobreza, segundo explicou Aécio.