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SÃO PAULO - Ao discursar na abertura da reunião do Diretório Nacional do PT neste sábado, a primeira depois da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, rechaçou a idéia de "despetização" do segundo mandato e afastou a acusação da oposição de que tenha havido aparelhamento do governo pela legenda.
- O segundo ardil dos que querem confiscar a vitória de outubro é decretar a necessidade de despetizar o governo. Fala-se dessa despetização, quase como se tratasse de desratizar algo - afirmou ao ler um texto previamente preparado.
A primeira tentativa foi, segundo ele, a de confiscar a vitória de Lula com a tentativa de impor a uma agenda econômica "derrotada na eleição".
- Para chegar à proposta da despetização, seus formuladores partem da tese falsa do aparelhamento do governo pelo PT. Não houve aparelhamento, nem haverá despetização - sentenciou.
Depois que foi reeleito, o presidente Lula vem se reunindo com partidos aliados e nesta semana recebeu a adesão da quase totalidade do PMDB.
Fez acertos com o PTB e já anunciou que tomará para si as articulações para a formação de um governo de coalizão, o que deverá implicar em entrega de cargos hoje ocupados pelo PT.
- O partido não se lançou, nem se lançará em uma disputa pequena por cargos. Queremos conteúdos e definições políticas claras e estamos seguros que esta é a preocupação de nosso companheiro presidente. A natureza de um governo não se mede pela repartição de cargos entre os partidos, mas por seu programa e pela capacidade de executá-lo - afirmou Marco Aurélio, adiantando que o PT quer compartilhar responsabilidades com outros partidos.
Ele defendeu a coalizão, mas cobrou que a participação de partidos aliados deve se sustentar em programas.
- O governo de coalizão não é um condomínio baseado na distribuição fisiológica de cargos - disse. - É antes um compromisso com um programa. É a possibilidade de encontrar um terreno comum para uma ação transformadora que o Brasil espera há muito e que tem adeptos em toda a sociedade, em quase todos os partidos.
Este programa, explicou, deve mirar um prolongado ciclo de desenvolvimento econômico, capaz de combinar crescimento acelerado, emprego e distribuição de renda com o controle da inflação.
Sem mencionar os escândalos pelos quais o partido passou no primeiro mandato nem as divergências internas de grupos, cobrou transformação aos petistas, assim como Lula também pediu no evento que o PT volte a ser exemplo ao país.