Reuters
BRASÍLIA - O Mercosul adiou para 18 e 19 de janeiro a realização da cúpula semestral de presidentes, mas manteve em 15 de dezembro uma reunião prévia de seus chanceleres, informou na terça-feira o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.
No âmbito ministerial, os chefes da diplomacia do bloco --integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela-- terão de tratar da divergência entre Buenos Aires e Montevidéu provocada pela construção de uma fábrica de papel e celulose, acrescentou o chanceler.
- Tomamos a decisão de que a cúpula (do Mercosul) não poderia ser agora por causa da reunião de Cochabamba, da Comunidade Sul-Americana - disse o ministro.
A cidade boliviana sediará em 8 e 9 de dezembro uma reunião de presidentes sul-americanos.
- Há uma semana de diferença e seria demais para os chefes de Estado que estivessem (na reunião do Mercosul). Então, achou-se prudente passá-la para janeiro - afirmou Amorim a jornalistas.
O Brasil, que responde pela presidência rotativa semestral do Mercosul, decidiu manter a data original prevista para o Conselho do Mercado Comum (CMC) do bloco, que acontecerá em Brasília em 15 de dezembro.
- Há temas que têm de ser considerados de qualquer modo no Conselho do Mercado Comum, que é de ministros. Há vários - respondeu Amorim quando perguntado sobre o conflito entre Argentina e Uruguai por causa da construção de fábricas de papel e celulose na margem uruguaia do rio fronteiriço entre os países.
- Há um pedido, é público, feito pelo Uruguai, e tem de ser considerado por todos os países. Creio que é um pedido que tem de ser levado em conta com seriedade - acrescentou.
Montevidéu vem pedindo para o Mercosul discutir a legalidade dos bloqueios a uma rodovia binacional, realizados há meses por ambientalistas argentinos que repudiam a construção de uma planta de celulose pela finlandesa Botnia no lado uruguaio do rio limítrofe.
A Argentina teme que a fábrica polua o meio ambiente.
Mas o Uruguai --que defende que o projeto, que demandará grandes investimentos, e garante que a empresa não danificará o meio ambiente-- tem pedido que o Mercosul se pronuncie sobre os bloqueios que prejudicam o comércio e o turismo na região.
Amorim disse que, para o Brasil, 'a questão do conflito, como um todo, é um conflito bilateral', mas reconheceu 'que tem implicações para o Mercosul'.