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Membros da CPMI dos Sanguessugas ouvem Valdebran Padilha

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Agência Brasil

BRASÍLIA - Durante as quase três horas em que prestou depoimento nesta terça-feira na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, Valdebran Padilha sustentou a versão de que não recebeu dinheiro para fazer o acompanhamento das negociações sobre o dossiê contra políticos tucanos e que aceitou participar do esquema apenas para ajudar uma pessoa que estava precisando. A pessoa, no caso, é Luiz Antônio Vedoin, que Valdebran disse conhecer há dez anos.

A afirmação foi uma das contradições apontadas pelo deputado Raul Jungmann (PPS-RJ) no depoimento de Valdebran. Segundo o deputado, em depoimento à Polícia Federal no dia três de outubro, Valdebran disse que conhecia Vedoin há seis anos e que nunca havia tido relações comerciais ou de amizade com ele, ao contrário do que afirmou no depoimento de nesta terça.

A participação dele é embasada na relação de amizade. Ele diz que não fez a intermediação por dinheiro nem por vinculação partidária e no depoimento dele (à Polícia Federal) está bem claro que não há relação de amizade nem comercial.

- Se ele fez tudo isso pelo Vedoin o que não faria por amizade? - questionou Jungmann.

Durante o depoimento, Valdebran Padilha confirmou que a mala que aparece com o ex-assessor de campanha do senador Aluízio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo, Hamilton Lacerda, é a mesma que foi entregue a Gedimar Passos no Hotel Íbis e onde, supostamente, estava o dinheiro que compraria o dossiê.

- A sacola preta que estava com o dinheiro é muito parecida com a sacola que a Polícia Federal me mostrou na delegacia - disse Valdebran.

Para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), Valdebran construiu uma história cheia de contradições. Mas, segundo o deputado, mesmo com todas as contradições, o depoimento permitiu o avanço nas investigações.

- Nenhum dos envolvidos reconhece o dinheiro, a não ser quem foi preso, mas hoje Valdebran admitiu que a valise que aparece é a mesma que Hamilton Lacerda entrou no Hotel Íbis - disse.

Valdebran disse também que o ex-funcionário da campanha de Lula, o então coordenador de análise de mídia e risco Jorge Lorenzetti, deu autorização para a realização da operação de venda do dossiê porque o dinheiro já estava disponível.

- Ele já colocou o Expedito Veloso, o Hamilton Lacerda e o Jorge Lorenzetti como pessoas que já sabiam da existência do dinheiro, algo que não está registrado nos depoimentos deles na PF - conclui o deputado.

A posição contradiz depoimentos anteriores de Lorenzetti que admitiu a negociação, porém sem a possibilidade de recursos.