EFE
BRASÍLIA - O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos Bueno, admitiu nesta terça-feira que os atrasos de vôos nos aeroportos do país prosseguirão por alguns dias e que o Governo está empenhado em normalizar a situação em dezembro.
Em uma audiência pública no Congresso para explicar os atrasos, Bueno assegurou que a Aeronáutica está tomando todas as medidas necessárias para resolver os problemas o mais rápido possível.
- Garanto a todos os passageiros que não precisam se preocupar com os vôos do fim de ano e das férias, afirmou.
Nas últimas duas semanas, os principais aeroportos brasileiros registraram atrasos nas decolagens e nas aterrissagens de até 15 horas, que foram atribuídos a um protesto dos controladores de vôo para melhorar suas condições de trabalho.
A situação se agravou na segunda-feira, quando cerca da metade dos vôos programados em todo o país sofreu atrasos. As autoridades atribuíram o problema às chuvas em algumas regiões, a um acidente com um jato executivo no aeroporto de Congonhas e à ruptura de um cabo de comunicação.
A Infraero informou nesta terça-feira que, dos 755 vôos programados para esta manhã, 188 sofreram atrasos de mais de 45 minutos, o que equivale a 25% do total. A percentagem de vôos com atrasos de mais de 45 minutos foi de 43,2%.
O ministro da Defesa brasileiro, Waldir Pires, afirmou na audiência que o Governo 'está fazendo todos os esforços' para normalizar a situação em dezembro.
Os atrasos foram provocados pela decisão dos controladores aéreos de cumprir rigorosamente as normas internacionais sobre períodos de tempo mínimos requeridos entre a decolagem de um avião e outro, e sobre a quantidade de vôos que podem ser controlados simultaneamente pelo mesmo operador.
Apesar de negar que se trate de um protesto ou de uma greve, os operadores reivindicam melhores condições de trabalho.
Em seu comparecimento ao Congresso, o comandante da Aeronáutica informou que, para aumentar o número de controladores e normalizar a situação, o Governo convocou 40 operadores que estavam aposentados e autorizou um concurso para contratar 65. Outros 54 concluirão o curso de formação no final do ano.
- Teremos pessoal suficiente para atuar com normalidade no fim do ano, disse.
No mesmo comparecimento, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que as autoridades estão estudando com as companhias aéreas uma redistribuição dos horários a fim de reduzir os vôos nas horas mais congestionadas.
As autoridades foram convocadas pelo Congresso um dia depois de alguns passageiros realizarem protestos contra os atrasos nos aeroportos de Curitiba e Congonhas.
Em Curitiba, cerca de 40 passageiros invadiram a pista de aterrissagem do aeroporto, e em Congonhas houve marchas e manifestações dentro do terminal.
Os problemas com o controle de tráfego aéreo começaram após o acidente de 29 de setembro entre um Boeing 737-800 da companhia aérea Gol e um jato Legacy, no qual 154 pessoas morreram.
As investigações indicam que houve falha na comunicação de um dos aviões com os controles em terra. Após o acidente, oito controladores que trabalhavam nesse dia no aeroporto de Brasília foram afastados de seus postos